Países árabes experimentam boom de exportações de gás para a Europa

Oriente Médio gás Russia
Matthew Ashton/AMA/Getty Images

A guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe preocupações políticas, econômicas e estratégicas ao redor do mundo, especialmente no que diz respeito aos efeitos do conflito no já complicado mercado global de combustíveis fósseis. Com os preços do petróleo, do gás natural e do carvão em alta, poucos países podem dizer que estão tirando proveito da situação – e quase todos estes se localizam no Golfo Pérsico.

A Bloomberg destacou como o Catar, um dos países mais ricos do mundo, está acumulando mais reservas nos últimos meses com o aumento do preço da energia fóssil em todo o mundo. Em particular, o pequeno país está se beneficiando diretamente da demanda de combustível dos mercados europeus, que correm contra o tempo para deixar de consumir (e depender de) petróleo e gás russos. As estimativas para 2022 são bastante positivas para o Catar: as exportações de energia devem superar a marca de US$ 100 bilhões pela 1a vez desde 2014 com base nas tendências do primeiro trimestre do ano.

Outro país que encontrou margem para ganhar dinheiro com os efeitos da guerra no mercado global de energia é a Argélia, um produtor de médio porte de petróleo e gás sem muita tradição no jogo geopolítico da energia fóssil. Como o Washington Post assinalou, a proximidade com o mercado europeu está fazendo com que o país do norte da África seja visto como uma alternativa mais direta e barata para abastecer os consumidores europeus no curto prazo. Outros países da “segunda divisão” do mercado fóssil, como Nigéria e Angola, também estão enxergando espaço para crescer com a crise na Europa.

Enquanto isso, os Estados Unidos também estão se movimentando para atender às necessidades de combustível fóssil dos países europeus. Recentemente, Washington e Bruxelas firmaram um acordo para ampliar as exportações de gás natural liquefeito (GNL) norte-americano para a Europa, o que tem mais efeito simbólico que prático neste momento. No entanto, isso não está fugindo do radar das empresas norte-americanas, que enxergam no mercado europeu um novo – e rico – consumidor para o gás de xisto explorado na bacia do Permiano. O Wall Street Journal abordou essa questão.

 

ClimaInfo, 2 de maio de 2022.

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