Países europeus sinalizam boicote ao petróleo russo, mas tensões internas ameaçam unidade

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AP Photo/Martin Meissner

Ministros de energia dos 27 países da União Europeia se reuniram nesta 2ª feira (2/5) em Bruxelas, na Bélgica, para discutir os próximos passos na reação do bloco contra a Rússia no contexto da guerra na Ucrânia. O principal ponto da pauta foi a busca por alternativas de fornecimento de petróleo e gás natural ao mercado europeu, de maneira a diminuir o consumo e eventualmente zerar a demanda por combustíveis fósseis russos pelos consumidores europeus. Associated Press, Bloomberg e Reuters abordaram a notícia.

Na semana passada, o governo russo suspendeu o fornecimento de gás natural a Polônia e Bulgária sob a justificativa de que as empresas de energia desses países não aceitaram a nova exigência de Moscou de pagar pelo combustível em rublos, uma medida que visa diminuir o impacto econômico das sanções internacionais impostas contra a Rússia nos últimos meses. A UE acusou os russos de chantagear os países europeus para enfraquecer o apoio do bloco à Ucrânia. Como destacado aqui, o consumo de energia fóssil russa pelo mercado europeu desde o começo da guerra fez com que os lucros das empresas russas de energia aumentasse duas vezes nesse período, com arrecadação de mais de 60 bilhões de euros por Moscou.

No encontro, os ministros reafirmaram a necessidade de avançar com alternativas de fornecimento de combustível e sinalizaram a possibilidade de um boicote do petróleo russo a ser implementado até o final do ano. Um dos obstáculos para essa proposta foi superado depois de a Alemanha voltar atrás em suas reticências com sanções que pudessem ameaçar a indústria energética russa – e, por tabela, o fornecimento de combustível ao mercado alemão. Por outro lado, Berlim ressaltou que a UE precisa ter um plano claro e viável para lidar com os efeitos econômicos negativos que essa medida pode resultar nos países europeus. Deutsche Welle, Financial Times, Reuters e Wall Street Journal repercutiram a mudança de postura dos alemães.

Mas nem todo mundo está no mesmo barco na Europa. O governo da Hungria, comandado pelo extremista Viktor Orban, sinalizou que vetaria qualquer sanção da UE que venha a interferir no fluxo de petróleo e gás russos para o país. Orban tem se equilibrado durante a crise: aliado político de Vladimir Putin, o premiê húngaro tem sido mais contido em suas manifestações sobre a guerra e evitado criticar o governo russo; por outro lado, por conta dos efeitos da pandemia na economia nacional, Budapeste não pode se dar ao luxo de melindrar as relações já desgastadas com Bruxelas por conta da guerra. Para driblar isso, a Reuters destacou que a UE está sinalizando que um eventual boicote europeu ao petróleo russo isentaria a Hungria de alguma forma, seja com prazos mais elásticos para diminuir a importação do produto ou outro mecanismo do tipo. A Bloomberg também noticiou a postura de Orban no debate sobre as sanções à Rússia.

 

ClimaInfo, 3 de maio de 2022.

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