Mudança na definição de “floresta” pela UE pode colocar Cerrado e Pantanal fora de esforços antidesmatamento

Cerrado
Fernanda Ligabue / Greenpeace

Caso a União Europeia adote a definição de floresta usada pela FAO na implementação de suas políticas de combate ao desmatamento, mais de 3 milhões de km2 de vegetação nativa na América do Sul poderão ficar vulneráveis ao desmatamento. O alerta é de um estudo elaborado pelo MapBiomas e divulgado na semana passada.

Segundo a análise, caso a UE incorpore a classificação de floresta da FAO em seus planos para restringir a importação de commodities associadas ao desmatamento, pelo menos 16% da Amazônia ficariam expostos à destruição florestal. Na Caatinga, mais de 90% não teriam qualquer proteção. No Pantanal e no Cerrado, cerca de 70% de suas áreas não se encaixam nessa definição.

Para a FAO, floresta é um tipo de terreno cujo índice de densidade de cobertura arbórea é superior a 10%, com superfície maior que 0,5 hectare e árvores com altura mínima de 5 metros quando maduras. No entanto, muitos ecossistemas não se encaixam nesse conceito restritivo. “Há muitos ecossistemas que não estão dentro dessa categoria e que têm um amplo valor biológico e também são muito ameaçados pela expansão da agricultura e da produção de commodities”, explicou Jean-François Timmers, do WWF-Brasil, coautor do estudo, à RFI. “Não há um valor maior para um ecossistema porque ele tem árvores maiores, já que você pode ter um ecossistema baixo, mas com uma grande riqueza de plantas, como orquídeas e plantas endêmicas, além de fauna endêmica”.

O Observatório do Clima também destacou os principais pontos do levantamento do MapBiomas.

 

ClimaInfo, 10 de maio de 2022.

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