Poluição do ar “mascara” efeitos da mudança do clima sobre furacões no Atlântico

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Mark Felix/AFP via Getty Images

Uma pesquisa da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) revelou um dado curioso sobre a relação entre poluição atmosférica e furacões. De acordo com o estudo, as reduções recentes observadas nos níveis de poluição na Europa e na América do Norte contribuíram para um aumento no número de ciclones tropicais no Atlântico Norte e uma diminuição desses fenômenos no hemisfério sul.

O problema não está na redução da poluição, mas no efeito que a presença dela na atmosfera tem sobre a mudança do clima. De acordo com a pesquisa, a concentração de poluentes no ar serviu como um “espelho” para a radiação solar, auxiliando na reflexão de parte dela de volta ao espaço. Assim, mesmo com o aumento das emissões de gases de efeito estufa, a presença de poluentes ajudava a aliviar o aquecimento. No entanto, desde 1980, estima-se que os níveis de poluição caíram 50% na Europa e nos Estados Unidos. Sem ela, o oceano absorveu mais calor e aqueceu mais rapidamente, facilitando a ocorrência de tempestades tropicais na região do Atlântico Central e do Norte.

Outra conclusão do estudo se alinha a essa interpretação. Os pesquisadores também identificaram que o aumento da poluição atmosférica na Ásia contribuiu para diminuir a ocorrência de ciclones tropicais na bacia ocidental do Pacífico Norte.

O estudo foi publicado na revista Science, e teve ampla repercussão na imprensa, com destaques em veículos como Associated Press, CNN Brasil, Folha, Inside Climate News, MetSul e NY Times.

 

ClimaInfo, 16 de maio de 2022.

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