Influencer do garimpo usa YouTube para ensinar “truques” contra fiscalização

influencer garimpeiro ilegal
Reprodução YouTube

A sofisticação do crime organizado na Amazônia não encontra limites. A novidade é a ação de um garimpeiro que criou um canal no YouTube para divulgar ao público maneiras para escapar da fiscalização dos órgãos ambientais e da Polícia Federal na Terra Indígena Yanomami. De acordo com a BBC Brasil, o canal “Fabio garimpo Junior” tem pouco mais de 320 inscritos e possui 120 vídeos publicados desde 2018. Eles mostram parte da rotina dos garimpeiros ilegais na Reserva e replicam discursos em defesa do garimpo, em linha com o atual presidente da República. Algumas das gravações trazem imagens de helicópteros e aviões privados transportando os garimpeiros até as minas, o maquinário utilizado na exploração de ouro e cassiterita e a infraestrutura disponível nesses locais – que contam inclusive com serviço de internet. Outros vídeos são mais “radicais”, com cenas de perseguição por agentes do IBAMA e da PF e troca de tiros.

Curiosamente, poucos vídeos mostram imagens de indígenas. Nesses poucos, o tom do garimpeiro é desrespeitoso, chamando-os de “raça de gente imunda” e de “bandidos” que roubam quem trabalha no garimpo. Para os indígenas, o fato de um garimpeiro ter um canal no YouTube com vídeos nos quais explicitamente comete crimes mostra como eles não têm medo das autoridades. “Eles sabem que não vão responder absolutamente [por crimes], que não vão ser presos”, lamentou uma liderança Yanomami. Questionado pela BBC, o YouTube afirmou que os vídeos estão “sob análise” e que a remoção de conteúdos pró-garimpo ilegal que não violem os termos de uso da plataforma só pode ser feita por decisão judicial.

Em tempo: A ação humana já causou impacto em mais de ¼ da bacia hidrográfica amazônica, a maior do mundo, principalmente por causa da intensificação do garimpo, da chegada de grandes projetos de infraestrutura e do avanço do desmatamento para agropecuária. Os dados foram apresentados na semana passada pelo novo Índice de Impacto nas Águas da Amazônia (IIAA), desenvolvido pela Ambiental Media com apoio do Instituto Serrapilheira. De acordo com a análise, das 11.216 microbacias que compõem a bacia amazônica, 3.028, ou 27%, sofrem impactos médios; em 2.299 delas, ou 20%, o impacto é considerado alto, muito alto ou extremo. ((o)) eco deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 17 de maio de 2022.

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