Davos: guerra, inflação e crise climática trazem cenário complicado para economia mundial

Davos 2022
REUTERS/Ruben Sprich

Não é apenas o cenário de Davos que mudou: pela 1ª vez em dois anos, líderes políticos e empresariais voltaram a se reunir presencialmente no Fórum Econômico Mundial, desta vez numa primaveril Suíça. O contexto global também é bastante diferente daquele enfrentado no começo de 2020. Pandemia, guerras e inflação fazem parte da ordem do dia de Davos, de uma maneira impensável se comparada com dez anos atrás, e colocam sob os holofotes tópicos como os efeitos econômicos, políticos e sociais da pandemia, que afligiu o mundo nos últimos dois anos, e a guerra entre Rússia e Ucrânia no leste europeu, que causou um frenesi homérico no mercado global de energia. Apesar disso, alguns problemas importantes da agenda de 2020 continuam importantíssimos na discussão atual, como a crise climática e a necessidade dos países avançarem com os esforços para descarbonizar suas economias.

A Reuters destacou a cautela (ou, em alguns casos, pessimismo puro e simples) dos participantes do Fórum com o futuro da economia global pós-pandemia e pós-guerra na Ucrânia. A incerteza também atingiu os participantes do Fórum. Realizado pela 1a vez em décadas durante a primavera suíça, o quórum das discussões tem sido mais baixo do que o observado em encontros anteriores, com grandes nomes da política e da economia ausentes nos corredores e salas de Davos.

Isso não impediu que agências internacionais fizessem um “puxão-de-orelha” coletivo nos países e nas empresas, pedindo mais atenção e cuidado com problemas como mudança do clima e combate à pobreza. “Não podemos bloquear nosso futuro usando a situação atual como desculpa para justificar investimentos em energia fóssil”, reclamou Fatih Birol, chefe da Agência Internacional de Energia (IEA). Já a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, assinalou o risco que o mundo enfrenta de uma “confluência de calamidades” que pode colocar os países sob o maior teste político e econômico desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Entre os empresários, outra preocupação está nas tendências observadas em diversos países no pós-pandemia, que podem minar três décadas de globalização econômica. Como destacado pelo Financial Times, a crise energética e os efeitos da guerra na Ucrânia apenas intensificam o mal-estar que já se observava em muitas economias antes da pandemia, com grupos sociais e lideranças políticas mais críticas aos fluxos internacionais de comércio.

 

ClimaInfo, 24 de maio de 2022.

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