As promessas e os obstáculos para o Brasil “potência” da energia renovável

Brasil renováveis
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Poucos setores econômicos parecem representar tão bem o potencial da economia verde no Brasil como o da energia. Diferentemente de outros países de grande porte, o país possui uma matriz elétrica majoritariamente renovável e tem um enorme potencial para geração de fontes alternativas mais modernas, como as energias solar e eólica. Além disso, o Brasil também tem know-how importante na área de biocombustíveis, com décadas de experiência e expertise na produção de etanol e, mais recentemente, de biodiesel. No entanto, não são poucos os obstáculos no meio do caminho da energia renovável brasileira.

Essa questão voltou à baila com mais força agora, com o mundo experimentando a pior crise no setor energético desde os choques do petróleo dos anos 1970. Como O Globo destacou, o Brasil está em uma posição privilegiada no que diz respeito às fontes renováveis de energia, o que pode dar ao país uma vantagem competitiva importante na transição energética global. No entanto, em termos de participação internacional, o país ainda está bem atrás na corrida: com exceção do petróleo, área em que o país é um exportador líquido, a maioria dos embarques do setor energético representou menos de 1% da pauta de exportação nacional no ano passado. No caso da energia elétrica, o percentual foi de esquálidos 0,08%. Outro problema está na dependência que o sistema elétrico nacional ainda possui com a fonte hidrelétrica, explicitada recentemente pela crise hídrica.

O Valor também abordou o assunto em um encarte especial sobre energia verde. Além de repisar a questão do potencial brasileiro para as fontes renováveis, o jornal destacou como o Brasil pode ter o menor custo mundial na produção de hidrogênio verde, visto como a grande chance de descarbonização de setores intensivos em energia. Para isso se confirmar, o setor entende que o mercado de carbono precisa de fato decolar no Brasil, mobilizando um volume de recursos que viabilize novos investimentos nessa tecnologia.

Ao mesmo tempo, a geração solar segue crescendo a passos largos no país, com aumento potencial de 82% na capacidade instalada, alcançando quase 25 GW até o final deste ano. Um obstáculo que persiste, no entanto, é a grande dependência dos fornecedores chineses de painéis fotovoltaicos: 95% do mercado nacional é dominado por essas empresas, com a produção doméstica praticamente inviabilizada por problemas de custos e competitividade. Outro gargalo está na capacidade de armazenamento de energia, algo crucial para impulsionar a geração eólica e solar no país.

 

ClimaInfo, 31 de maio de 2022.

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