Auditores questionam gastos abaixo do projetado em ação climática na UE

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Kenzo Tribouillard/AFP via Getty

Os países da União Europeia não devem conseguir cumprir a promessa de gastar 20% de seu orçamento pré-2020 em ações contra a mudança do clima. O alerta é da Corte Europeia de Auditores, uma instância da UE para acompanhamento dos gastos oficiais do bloco. De acordo com a análise, a UE também exagerou nos valores relatados direcionados para essas medidas: ao invés dos 144 bilhões de euros, foram gastos metade disso – 72 bilhões de euros.

A diferença seria decorrente principalmente da inclusão de gastos efetuados em 2021 que, na visão dos auditores, não se encaixam na categoria de ação climática. O grosso desse gasto “não-verde”, na opinião da corte, está nos subsídios à agricultura, que representaram quase 80% do valor. Euractiv e Reuters repercutiram a notícia.

Por falar em gastos da UE, os países do bloco chegaram finalmente a um acordo para cortar em 90% as importações de petróleo da Rússia até o final do ano, em retaliação à invasão da Ucrânia pelas tropas de Vladimir Putin. Os governos europeus passaram as últimas semanas travados por conta da negativa da Hungria à possibilidade de acabar com as compras de petróleo russo. Para superar o obstáculo, os parceiros europeus aceitaram uma série de isenções para a economia húngara, que poderá seguir comprando petróleo de Moscou e terá prazo mais largo para reduzir essa importação. O governo da Ucrânia, no entanto, sinalizou insatisfação com a medida, vista como pouco eficiente para conter os russos. CNN, Financial Times, POLITICO, Reuters e Wall Street Journal, entre outros, deram a informação.

Se o acordo sobre o petróleo russo está mais concreto, o mesmo não pode ser dito sobre o gás russo. Com grandes economias europeias ainda bastante dependentes do fornecimento de Moscou, persistem obstáculos consideráveis para que os países europeus consigam acabar com as compras de gás. Para acelerar essa saída, a UE tem pressionado seus membros para avançar rapidamente com novos projetos de energia eólica e solar, o que está criando um problema adicional – falta de cuidado na análise deles. Como assinalou o Wall Street Journal, ambientalistas e especialistas criticaram a correria e lembraram que os novos projetos até podem trazer energia mais limpa, barata e próxima dos consumidores europeus, mas nem todos eles estão isentos de impacto negativo.

Ao mesmo tempo, a Bloomberg destacou que uma das alternativas exploradas pelos europeus para substituir o gás russo pode resultar em um aumento acentuado das emissões de metano no norte da África. Países como Argélia e Tunísia esfregam as mãos para atender à nova demanda, mas enfrentam problemas antigos com a infraestrutura de exploração de petróleo e gás, o que acentua a liberação acidental de metano nas operações.

 

ClimaInfo, 31 de maio de 2022.

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