Uma análise da Carbon Market Watch mostrou o “cartão amarelo” para a FIFA e o governo do Catar ao assinalar que a Copa do Mundo de 2022, que será realizada no principado árabe em novembro, não cumpre com as promessas de um evento “neutro em carbono”. De acordo com o levantamento, abordagens contábeis equivocadas e omissões suspeitas estão subestimando a pegada de carbono do torneio e desinformando patrocinadores, torcedores e o público em geral.
Os organizadores da Copa do Catar afirmam que o evento emitirá cerca de 3,6 megatoneladas de CO2 equivalente. No entanto, segundo a análise, a pegada dos estádios permanentes construídos para o evento considera apenas o use-share – ou seja, o número de dias do torneio foi dividido pela vida útil estimada dos estádios para chegar à parcela do total de emissões associadas à construção das arenas. Para a Carbon Market Watch, isso é problemático, já que os estádios foram construídos especificamente para a Copa do Mundo e o uso extensivo futuro desses espaços será pequeno por conta das características geográficas e desportivas do Catar. Para efeito de comparação, o país tinha apenas um estádio de grande porte antes de receber o direito de organizar a Copa de 2022; agora, ele terá oito arenas “padrão FIFA”.
“É improvável que os estádios sejam os locais mais eficientes ou eficazes para os serviços comunitários previstos nos planos de legado. Em nossa estimativa, a pegada total dos estádios permanentes construídos para a Copa do Mundo pode ter sido subestimada por um fator de oito, totalizando 1,6 MtCO2e em vez dos 0,2 MtCO2e relatados”, aponta o estudo. “Além disso, outras fontes de emissão podem ter sido subestimadas, como as decorrentes da exclusão de emissões de manutenção e operação dos estádios nos anos após o torneio”.
Bloomberg, Euronews e Reuters, entre outros, destacaram a análise da Carbon Market Watch sobre as promessas verdes da Copa do Mundo do Catar.
ClimaInfo, 1º de junho de 2022.
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