Sociobioeconomia para conectar ‘as Amazônias’ urbana e profunda

Nesta aula, a pesquisadora Ana Euler, da Embrapa Amapá na área de Manejo de Recursos Naturais, fala sobre as diferenças entre as ‘amazônias’ rural e urbana; explica os conceitos de bioeconomia e da Amazônia 4.0.; e discorre sobre como a sociobiodiversidade pode trazer um desenvolvimento econômico e sustentável para região.

Destaques da aula:
  • Sociobioeconomia é o modelo de geração de riqueza que, além de priorizar a preservação dos recursos naturais do planeta, leva em consideração a dignidade humana das populações envolvidas. Trata-se de um conceito que oferece alternativas ao uso dos combustíveis fósseis, tem lógica baseada na economia circular e prioriza princípios éticos que promovam a equidade.
  • A bioeconomia não é um setor produtivo em si, e sim um valor que pode, e deve, permear todas as atividades.
  • Existe a Amazônia Urbana e a Amazônia Rural, e é nesta segunda que vivem cerca de 56% dos habitantes de todo o território. 
  • A sociobioeconomia tem de ser um caminho de geração de riqueza que envolva e valorize os povos originários e tradicionais.
  • O açaí, produto que atualmente movimenta quase US$ 1 bilhão ao ano, gera renda, de forma sustentável, para 200 mil famílias distribuídas em um milhão de hectares de florestas nativas.

A sociobieconomia na Amazônia, tema de pesquisa da professora Ana Euler, é o modelo de geração de riqueza que, além de priorizar a preservação dos recursos naturais do planeta, leva em consideração a dignidade humana das populações envolvidas. São conceitos que desprivilegiam o uso dos combustíveis fósseis, têm suas lógicas baseadas na economia circular e contemplam princípios éticos que promovam a equidade.

Olhar para esse tema no contexto amazônico requer, antes de mais nada, a compreensão de que a Amazônia não é um sistema homogêneo. Existem a Amazônia Urbana e a Amazônia Rural, e é nesta segunda em que vivem cerca de 56% dos habitantes daquele território amazônico. 

A Amazônia Rural é composta por terras indígenas, unidades de conservação, áreas de assentamento e outras modalidades de comunidades, nas quais as políticas públicas pouco chegam. Assim, a sociobioeconomia tem de ser um caminho de geração de riqueza que envolva e valorize os povos originários e tradicionais.

É também exatamente nessa Amazônia Rural que estão as riquezas que o bioma tem para oferecer ao mundo dentro da bioeconomia. Um exemplo emblemático é o açaí, produto que atualmente movimenta quase US$ 1 bilhão ao ano, gerando renda para 200 mil famílias distribuídas em um milhão de hectares de florestas nativas, de forma sustentável.

Contudo, é preciso compreender que a bioeconomia não é um setor produtivo em si, e sim um valor que pode, e deve, permear todas as atividades. Não é, tão pouco, algo que precise necessariamente envolver uma biotecnologia ou alguma tecnologia inovadora, apesar de suas práticas estarem fortemente ligadas à ciência. Os objetivos da bioeconomia estão ligados ao não esgotamento dos recursos naturais e ao combate às mudanças climáticas, com uma visão de novos empregos, desenvolvimento rural e sustentabilidade.

Saiba mais:

Clima Sem Fake: Bioeconomia – Ana Euler
https://www.youtube.com/watch?v=CtMTIx2mh18&t=3s
Cursos ClimaInfo
Como catalisar uma economia sustentável com base em negócios na bioeconomia
Cursos ClimaInfo
Economia do conhecimento da Natureza
Marajó conectado: como a internet pode melhorar a vida da juventude marajoara no contexto da pandemia e da bioeconomia https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1132328 
Muito mais que um documento “ambiental”, os ODS refletem a exigência de repensar as relações entre sociedade e natureza, economia e ética
http://ricardoabramovay.com/um-bolo-de-noiva-para-celebrar-a-semana-do-meio-ambiente/
É na Amazônia que estão hoje as iniciativas de maior alcance programático, político e científico na luta pelo desenvolvimento sustentável e contra o fanatismo fundamentalista do governo
https://ricardoabramovay.com/2021/07/a-amazonia-se-torna-maior-que-o-brasil-na-luta-pelo-desenvolvimento/
A inseparável relação entre florestas e água na Amazônia
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/21383265/artigo—-a-inseparavel-relacao-entre-florestas-e-agua-na-amazonia 
O acordo de Paris e o futuro do REDD
https://www.embrapa.br/amapa/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1055679/o-acordo-de-paris-e-o-futuro-do-redd-no-brasil
O desenvolvimento mais sustentável da região amazônica: entre (muitas) controvérsias e o caminho possível
https://seer.faccat.br/index.php/coloquio/article/view/1804
Cooperação para o desenvolvimento regional
https://www.embrapa.br/amapa/busca-de-publicacoes/-/publicacao/961180/cooperacao-para-o-desenvolvimento-regional
Um megafone para os cientistas ambientais
https://valor-globo-com.cdn.ampproject.org/c/s/valor.globo.com/google/amp/brasil/coluna/um-megafone-para-os-cientistas-ambientais.ghtml
A casacata em série de pontos de ruptura
https://climainfo.org.br/2021/06/29/a-cascata-em-serie-de-pontos-de-ruptura/

Sobre a professora:

Ana Euler  é pesquisadora da Embrapa Amapá, na área de manejo de recursos naturais e como Assessora de Relações Internacionais. Engenheira Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1998), mestre (2002) e doutora (2006) em Ciências Ambientais e Florestais pela Graduate School of Environment and Information Science- Yokohama National University, Japão. Atuou como técnica especializada em Conservação da Amazônia no WWF-Brasil, foi  diretora-presidente do Instituto Estadual de Florestas, implementando o Programa de Desenvolvimento da Produção Extrativista do Governo do Estado do Amapá. Foi produtora e apresentadora do programa de rádio Vozes da Floresta (Rádio Difusora 360 AM). É membro do Fórum de Acompanhamento dos Conflitos Agrários e do Desenvolvimento do Amapá – FACADE onde atua como voluntária na produção e apresentação do programa de rádio Fala, Amazônia! (96,9 FM) em parceria com o curso de Geografia Agrária da UNIFAP.