China sinaliza novos incentivos para mercado de carbono, mas pisa no freio na implementação

China mercado de carbono
REUTERS/David Gray

A China apresentou nesta semana mais uma leva de iniciativas para impulsionar a transição energética e o comércio de permissões de emissões de carbono, frentes cruciais para que o país possa atingir a neutralidade líquida de suas emissões até 2060. No entanto, bem ao estilo de Pequim, a promessa vem com algumas condições que podem colocar em xeque a utilidade de todo esse esforço.

A primeira medida é a implementação de um conjunto de diretrizes para relato ESG pelas empresas chinesas, com mais de 100 métricas majoritariamente alinhadas com as orientações preliminares do International Sustainability Standards Board (ISSB). A ideia é acelerar a adoção dessa agenda no país, que começa bem atrás da Europa e dos Estados Unidos no tema de investimentos sustentáveis. Por ora, os reguladores chineses não exigirão o relato das empresas, mas já sinalizam que isso acontecerá no futuro, em data ainda indefinida. Bloomberg e Reuters repercutiram a medida.

Por outro lado, como assinalado pela Bloomberg, a China pretende atrasar o cronograma original de implementação de seu sistema nacional de comércio de emissões, adiando a inclusão dos setores mais carbono-intensivos de sua economia, como os de alumínio, cimento, petroquímico e siderurgia. A ideia original era de que esses setores fossem incluídos até o final de 2022. No entanto, o cronograma acabou inviabilizado pelo aumento da queima de carvão para geração de energia e pela paralisação das cadeias produtivas e de distribuição causada pela nova onda de COVID no país. Agora, o plano é incluir esses setores mais pesados apenas em 2024.

Outro destaque foi o anúncio do governo chinês de que pretende elevar a representatividade das fontes renováveis na matriz energética nacional de 28,8% em 2020 para cerca de 33% em 2025. Para tanto, o país promete aumentar a capacidade total de geração eólica e solar para 1,2 mil GW até 2030, quase o dobro.

 

ClimaInfo, 2 de junho de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.