O desperdício na distribuição de água potável no Brasil segue em patamares preocupantes. Um levantamento divulgado pelo Instituto Trata Brasil (ITB) mostrou que mais de 40% da água captada pelos reservatórios brasileiros se perde no meio do caminho antes de chegar ao consumidor. Esse montante de água perdida poderia abastecer cerca de 66 milhões de brasileiros durante o período de um ano; para efeito de comparação, cerca de 33 milhões de pessoas ainda vivem sem acesso regular à água no país.
A Folha deu mais detalhes sobre a análise. As regiões Norte e Nordeste são as que apresentam maior índice de perda de água, com 51% e 46% respectivamente. Já os Centro-Oeste, Sudeste e Sul registram perdas menores, mas ainda assim significativas: 34%, 38% e 36%, respectivamente. Os estados que mais perdem água são Amapá (74%), Acre (62%) e Roraima (60%); na outra ponta, temos São Paulo e Distrito Federal, ambos com perdas de 34%.
“O volume de água perdida nos sistemas de distribuição brasileiros equivale a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira – maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo”, assinalou o estudo. A CBN também repercutiu esses dados.
Em tempo 1: Com a água ficando cada vez mais escassa, governos e empresas precisam avançar com medidas não somente para reduzir consumo e desperdício, mas também para facilitar as condições para que a disponibilidade de água se mantenha dentro do necessário. Para isso, um dos caminhos mais promissores está nas técnicas que replicam processos naturais – os Serviços baseados na Natureza (SbN). Martina Medina destacou em Um Só Planeta algumas iniciativas nesse sentido que mostram resultados interessantes no Brasil. Além de melhorar a segurança hídrica, essas técnicas podem contribuir para a restauração de ecossistemas degradados e a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Em tempo 2: Os chilenos vivem uma situação dramática com a pior seca de sua história. Mais da metade dos 19 milhões de habitantes, pelo menos, vivem em condições de “grave escassez”, de acordo com o governo do país. Em abril, as autoridades de Santiago anunciaram um plano rigoroso de racionamento de água para reduzir o consumo e otimizar sua disponibilidade durante a temporada seca, que acontece durante o inverno. “A água se tornou um problema de segurança nacional”, comentou Pablo García-Chevesich, hidrólogo da Universidade do Arizona (EUA), ao Guardian. “É o maior problema econômico, social e ambiental do país. Se não resolvermos isso, a água será a causa da próxima revolta [popular]”.
ClimaInfo, 2 de junho de 2022.
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