Nordeste perdeu R$ 3 bilhões com chuvas extremas em apenas 6 meses 

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Governo da Bahia.

Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostram o tamanho do impacto econômico das fortes chuvas que atingiram o Nordeste brasileiro nos últimos seis meses. Pela conta, as cidades nordestinas afetadas por inundações e deslizamentos de terra perderam mais de R$ 3,1 bilhões no período, com a Bahia contabilizando a maior parte do prejuízo (R$ 2,5 bi). iG Último Segundo deu mais informações.

O levantamento da CNM ainda não contabiliza os danos causados pelas chuvas em Pernambuco na última semana. Pelo menos 122 pessoas morreram, de acordo com a Defesa Civil do Estado, um número superior ao registrado na enchente histórica de 1975, quando 80% de Recife ficou debaixo d’água. A tragédia atual já se coloca como a pior experimentada pelos pernambucanos neste século em termos de danos materiais e humanos. A Folha de Pernambuco relembrou os desastres do passado e o que a tragédia atual trouxe de diferente em termos de impacto e devastação.

“Isso já é resultado das mudanças climáticas. Nós tivemos em poucos dias a chuva prevista para mais de um mês, uma mudança drástica do padrão histórico de chuvas, com base nos registros de quase 80 anos”, destacou Maria do Carmo Sobral, da Universidade Federal de Pernambuco, à coluna de Cínthia Leone no UOL. O texto lembra que Recife é uma das capitais brasileiras mais vulneráveis à mudança do clima, já que se localiza praticamente no nível do mar. Historicamente, as inundações são um fenômeno frequente, mas a falta de planejamento urbano e de preparação da infraestrutura das cidades para eventos climáticos extremos podem ser literalmente fatais para milhões de pessoas que vivem nessas regiões, especialmente em áreas de risco nas periferias.

Por falar em descaso do poder público, Carlos Madeiro informou no UOL que 70 estações hidrológicas, compradas há oito anos para reforçar o monitoramento de chuvas e da variação do volume dos rios em todo o país, estão guardadas sem uso na sede do CEMADEN, em São José dos Campos. Cada equipamento custou cerca de R$ 100 mil aos cofres públicos, mas eles nunca foram utilizados. A principal razão é o aperto orçamentário: desde 2014, quando as estações foram compradas, o orçamento do CEMADEN caiu de R$ 40,9 milhões para R$ 23,6 milhões em 2022. No ano passado, o aperto foi ainda maior, com menos de R$ 18 milhões destinados pela União para o órgão.

 

ClimaInfo, 3 de junho de 2022.

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