Nesta aula, o geógrafo Luciano Henning fala sobre a gestão de recursos hídricos no Brasil e em Santa Catarina, destacando as águas subterrâneas. Aborda também pesquisa realizada sobre o Aquífero Guarani e cita outros aquíferos, como o Serra Geral – importante para a região catarinense.
Destaques da aula:
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- O Brasil possui, em seu território, importantes reservatórios de águas subterrâneas. Essa abundância de reservas hídricas torna o país atraente para muitos setores da economia, especialmente a agroindústria.
- O Brasil é privilegiado por sua posição geográfica. Por estar localizado entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, o país possui clima ameno, com muita água e muito sol. É, portanto, a única, entre as cinco maiores nações do mundo, a apresentar tais condições.
- Os quatro países que dividem o topo do ranking territorial com o Brasil são considerados mais desenvolvidos, porém, estão nas chamadas zonas temperadas e, por isso, são mais carentes de recursos naturais. Suas águas congelam.
- As indústrias são responsáveis pelo consumo de 70% da água no planeta.
- A agropecuária brasileira, mantida inclusive pela abundância de recursos hídricos, traz consequências ambientais, como a contaminação do próprio solo com biofertilizantes que, por sua vez, contaminam as águas.
Ao pensar em aquífero, no Brasil, é muito comum que as pessoas relacionem a palavra ao Aquífero Guarani, afinal, trata-se de um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo, ocupando 1,2 milhão de km² e abrangendo Uruguai, Argentina, Paraguai e, principalmente, Brasil.
Porém, ele não é o único aquífero do país. O Brasil possui, em seu território, outros importantes reservatórios de águas subterrâneas, como o Cabeças, o Urucuia-Areado, o Furnas, o Alter do Chão e o Serra Geral, entre outros. Essa abundância de reservas hídricas torna o país atraente para muitos setores da economia, especialmente a agroindústria, conforme explica o professor Luciano Henning.
Existem dois diferentes ciclos hidrológicos. O ciclo curto inclui a evaporação e a evapotranspiração – dos animais e das plantas –, a condensação em chuva ou neve, e o escoamento superficial, que vai formar lagos, rios e mares. Trata-se de uma água em constante renovação, que pode demorar segundos, minutos ou anos para voltar à atmosfera.
Já o ciclo longo é aquele em que a água infiltra no solo e vai formar os aquíferos. Os aquíferos são rochas porosas, capazes de armazenar a água em seu longo ciclo e, dessa forma, ela pode demorar até milênios para retornar à superfície. Esta água é chamada de fóssil, pois, durante o período que permanece no subsolo, dissolve os minerais. É essa água subterrânea que movimenta, por exemplo, a indústria da água mineral.
O Brasil é privilegiado por sua posição no globo. Por estar entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, possui um clima ameno, com muita água e muito sol. É a única entre as cinco maiores nações do globo a apresentar tais condições.
Os quatro países que dividem o topo do ranking territorial com o Brasil são considerados mais desenvolvidos, porém, estão nas chamadas zonas temperadas e, por isso, são mais carentes de recursos naturais. Suas águas congelaram, e eles acabaram, por milênios, alicerçando seu desenvolvimento nos combustíveis fósseis.
Diante desse cenário, e considerando que as indústrias são responsáveis pelo consumo de 70% da água no planeta, fica fácil perceber a grande disponibilidade brasileira de recursos hídricos como um fator de relevância na competitividade do país. Um bom exemplo disso é a forte indústria agropecuária que o Brasil possui, cujos produtos são exportados para todo o mundo. Contudo, o que acontece é a transferência de atividades industriais agropecuárias dos países mais desenvolvidos para outros, menos desenvolvidos, mas com mais disponibilidade de recursos hídricos.
Esse movimento traz consequências ambientais, como a contaminação do próprio solo com biofertilizantes que, por sua vez, contaminam as próprias águas. Esse e outros tipos de contaminação, como a decorrente da falta de saneamento, ameaçam exatamente o potencial competitivo da disponibilidade hídrica.
Saiba mais:
Fórum das Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental https://fmclimaticas.org.br/quem-somos/
Site Rede Guarani Serra Geral – SC
https://rgsgsc.wordpress.com/
O sul e o protagonismo nas tarifas de energia mais baixas
https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/o-sul-e-o-protagonismo-nas-tarifas-de-energia-mais-baixas/
Ebook “Águas Subterrâneas – Um Patrimônio Catarinense” http://expressao.com.br/ebooks/aguas_subterraneas/mobile/index.html
Documentário Água Vida
https://www.youtube.com/watch?v=xg4AskwW0HY
Sobre o professor:
Luciano Henning é diretor de Biodiversidade e Clima (DBLIC) da Secretaria Executiva do Meio Ambiente (SEMA) do Estado de Santa Catarina. Possui graduação (2008), mestrado (2012) e doutorado (2019) em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou estágio de Doutorado (PDSE) na Queen ‘s University, no Department of Global Development Studies em Kingston, no Canadá (2015-2016). Integra a equipe de investigadores do Laboratório de Análise Ambiental (LAAm) do Departamento de Geociências da UFSC. É pesquisador do projeto Rede Guarani/Serra Geral em Santa Catarina (RGSG). Atua na área de Geociências, com ênfase em Geoecologia, Recursos Hídricos e Energia.