Sistemas costeiros e marinhos da Amazônia

Nesta aula, a professora Valdenira Ferreira dos Santos traz informações sobre a costa amazônica e sobre a estrutura e a dinâmica de ambientes costeiros, com foco nas interconexões desses temas com as mudanças climáticas. Ela explica, ainda, como secas e cheias cada vez mais severas vêm alterando o volume de água que chega à foz dos rios da bacia amazônica.

Destaques da aula:
  • Sistemas costeiros e marinhos são aqueles que estão na interface entre o mar e a terra. São todas as combinações de estruturas geológicas, organismos vivos e demais dinâmicas estabelecidas nessas áreas. Praias, foz de rios, lagos que sofrem influências de marés, manguezais e recifes são alguns exemplos desses tipos de sistemas.
  • Os sistemas costeiros e marinhos amazônicos situam-se desde a Baía de São Marcos, na região do Golfão Maranhense, no estado do Maranhão, até a Venezuela. O principal critério para essa definição é a presença do próprio rio Amazonas e de sua influência sobre o mar.
  • A região dos sistemas costeiros e marinhos amazônicos é uma das únicas do mundo onde a água tem menos salinidade, sendo praticamente doce.
  • As mudanças climáticas intensificaram os eventos climáticos extremos na Amazônia. Secas e cheias cada vez mais severas alteram o volume de água que chega à foz dos rios da bacia amazônica, causando impactos variados nos sistemas costeiros e marinhos. O desmatamento resulta na elevação da quantidade de sedimentos carregados pelo rio.

A professora Valdenira Ferreira dos Santos falou sobre os sistemas costeiros e marinhos amazônicos, que são, conforme se estabeleceu na década de 1960, aqueles situados desde a Baía de São Marcos, na região do Golfão Maranhense, no estado do Maranhão, até a Venezuela. O principal critério para essa definição é a presença do próprio rio Amazonas e a sua influência sobre o mar.

O rio Amazonas despeja, a cada segundo, uma quantidade de água doce equivalente a 70 piscinas olímpicas no mar. Todo esse volume só se mistura efetivamente com a água salgada a cerca de 80 quilômetros da costa, o que faz com que a região dos sistemas costeiros e marinhos amazônicos seja uma das únicas do mundo onde a água tem menos salinidade, sendo praticamente doce.

Nos sistemas costeiros e marinhos há muita biodiversidade, além de comunidades vivendo neles, e deles. Trata-se de uma região extremamente importante do ponto de vista de processos ecológicos.

Nos últimos anos, as mudanças climáticas intensificaram os eventos climáticos extremos na Amazônia. Secas e cheias cada vez mais severas alteram o volume de água que chega à foz dos rios da bacia amazônica. A influência  da bacia hidrográfica vem sofrendo com o aumento de secas e cheias devido às mudanças climáticas e eventos extremos. Apesar de serem processos distintos, do lado oceânico, a emergência climática tem como um dos efeitos o aumento do nível do mar, o que aumenta as inundações costeiras. O desmatamento também gera resultados negativos, como a elevação da quantidade de sedimentos carregados pelo rio. Tudo isso exige maior capacidade de adaptação e ampliação da resiliência, por parte das comunidades e dos ecossistemas, o que nem sempre é possível.

Cabe lembrar que esses sistemas estão em constante transformação. As paisagens sofrem influência de processos geológicos atuais, como terremotos decorrentes de atividades tectônicas, que configuram ou reconfiguram um sistema. Uma praia, ou um estuário, têm uma paisagem muito mais dinâmica e imprevisível do que a de um rio. Para se garantir uma preservação mais eficiente e se ter mais informações sobre os sistemas costeiros e marinhos é preciso investimento maior em monitoramento e pesquisa.

Saiba mais:

Sobre a professora:

Valdenira Ferreira dos Santos é doutora em Geologia e Geofísica Marinha (2006) pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com estágios de doutorado no Laboratoire Régional de Télédétéction (LRT- 2004 – Caiena – Guiana Francesa) e na Maison de Télédétéction (2003- Montpellier – França). Possui bacharelado em Geologia pela Universidade Federal do Pará, UFPA (1993), especialização em Geociências Aplicadas ao Meio Ambiente (1997) e mestrado em Geologia e Geoquímica (área de concentração: Geologia Marinha e do Quaternário) (1996) pela UFPA. Participou do Programa de Gerenciamento Costeiro do Estado do Amapá e da criação do atual Núcleo de Pesquisas Aquáticas no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA/AP). Atualmente, é pesquisadora do IEPA e professora/orientadora no Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (MDR) da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), onde ministra as disciplinas de Geotecnologias Aplicadas ao Planejamento e Desenvolvimento do Território Amazônico e de Planejamento Ambiental. Colaboradora nos cursos de Pós-Graduação em Dinâmica da Terra e dos Oceanos (UFF) e em Geodinâmica e Geofísica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Representante pelo IEPA no Programa de Geologia e Geofísica Marinha (PGGM).