Concentração de carbono na atmosfera está 50% maior do que a pré-industrial

concentração de carbono
AP Photo/Jae C. Hong

A semana do meio ambiente começou com uma tijolada: dados da Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) mostraram que, pela 1ª vez, a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera superou a marca de 420 partes por milhão (ppm) em maio passado, atingindo o maior índice desde o começo das mensurações científicas.

Esta concentração é 50% maior do que se tinha na atmosfera terrestre antes da Revolução Industrial, em meados do século XIX, quando a humanidade passou a queimar volumes crescentes de combustíveis fósseis. A marca também coloca o planeta em um território praticamente desconhecido em termos de impactos climáticos: a concentração é a maior em quase 4,5 milhões de anos.

As medições da NOAA foram feitas no Observatório de Linha de Base Atmosférica de Mauna Loa, no Havaí. De acordo com a estimativa, a concentração de CO2 na atmosfera atingiu quase 421 ppm, um aumento de 1,8 ppm em relação ao mês de maio de 2021.

A concentração atual de CO2 é comparável com aquela observada durante o Plioceno, entre 4,1 e 4,5 milhões de anos, quando estava próxima ou acima de 400 pp. Naquela época, o nível do mar estava entre 5 e 25 metros mais alto do que hoje, o suficiente para inundar muitas das maiores cidades do mundo contemporâneo. 

Antes da era industrial, os níveis de CO2 se mantiveram consistentemente em torno das 280 ppm por quase seis mil anos. Desde então, os humanos geraram cerca de 1,5 trilhão de toneladas de poluição por CO2, muitas das quais continuarão a aquecer a atmosfera por milhares de anos. “A ciência é irrefutável: os humanos estão alterando nosso clima de maneira que nossa economia e nossa infraestrutura precisam se adaptar”, destacou Rick Spinrad, diretor da NOAA. “O aumento implacável de dióxido de carbono em Mauna Loa é um forte lembrete de que precisamos tomar medidas urgentes e sérias para nos adaptarmos ao clima”.

Associated Press, Bloomberg e NY Times repercutiram os dados do NOAA. No Brasil, a notícia teve espaço na Folha e na Galileu.

 

ClimaInfo, 6 de junho de 2022.

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