Crise energética: para a conta fechar, mundo precisa reduzir consumo

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Stefan Sauer/alliance via Getty

A crise recente de fornecimento de petróleo e gás nos países da Europa, causada pelos efeitos da invasão russa na Ucrânia, explicitou a dependência desse mercado com relação aos combustíveis fósseis produzidos pelos russos e a necessidade de se buscar uma independência energética impulsionada pela expansão das fontes renováveis domésticas.

Mas a transição para a energia verde é apenas um pedaço da equação climática que a Europa e outros países desenvolvidos precisarão responder nesta década: os tempos de consumo despreocupado e desenfreado de energia barata estão ficando para trás.

“O fundamento material de nossa civilização está sendo embaralhado”, comentou a economista Helen Thompson, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), ao Valor. Para ela, a economia baseada no petróleo está no centro das tensões observadas no plano internacional nas últimas décadas, refletidas inclusive guerras e ataques terroristas. A pressão nos últimos anos para acelerar a oferta de energia renovável foi sentida dentro da indústria fóssil, que passou por um tempo com perspectivas limitadas de investimento e crescimento de produção.

No entanto, a demanda pós-pandemia colocou em xeque esse movimento e ofereceu um fôlego para essas empresas e para os países que dependem da exportação desses produtos para se manter – como é o caso da Rússia atual. 

O choque do petróleo causado pela guerra na Ucrânia adicionou mais uma casca de banana nesse cenário: a oferta ficou insuficiente para atender a demanda, e mesmo um aumento imediato da produção de combustível, tal como sinalizado pela OPEP na semana passada, pode ser insuficiente para atender à voracidade dos consumidores.

Isso nos leva à segunda parte da equação da transição energética: os países precisarão avançar em um modelo de desenvolvimento mais eficiente em termos de consumo de energia, já que será impossível manter o mesmo padrão de consumo apenas com fontes renováveis.

 

ClimaInfo, 6 de junho de 2022.

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