Economia do conhecimento da natureza

Nesta aula, o empreendedor social Caetano Scannavino Filho aborda como a bioeconomia, a economia do conhecimento da natureza, a biodiversidade e a economia da floresta em pé trazem um grande potencial para desenvolver pesquisas, tecnologias, processamento e agregação de valor desses insumos da biodiversidade com demandas junto às indústrias farmacêuticas, cosméticas e alimentícias. Ele defende que o desenvolvimento precisa reconhecer e valorizar os saberes dos povos tradicionais.

Destaques da aula:
  • A bioeconomia, a economia do conhecimento da natureza e a economia da floresta em pé trazem um grande potencial para o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de processamento e agregação de valor aos insumos da biodiversidade, com demandas junto às indústrias farmacêuticas, cosméticas e alimentícias.
  • O debate não é sobre não explorar a floresta, e, sim, sobre como aproveitar suas riquezas sem destruir a fonte, ao mesmo tempo em que se beneficia a população que vive na Amazônia.
  • Para isso, existem alternativas já testadas no âmbito da eficiência agrícola, como os sistema agroflorestais, que aliam plantio de culturas como o café com a floresta em pé; a modalidade ILPF (Integração Lavoura / Pecuária / Floresta); o pastejo rotacionado; e o sistema de plantio direto.

Para desenvolver uma nova economia para a Amazônia, baseada na floresta em pé, e não na sua devastação, é preciso conhecer profundamente a região, com suas especificidades sociais e ambientais. Dessa forma, é possível identificar as potencialidades e as riquezas capazes de coexistir com o ecossistema.

Nesta aula, o empreendedor social Caetano Scannavino Filho elenca possibilidades e relata experiências bem-sucedidas de extração de recursos aliada à preservação na floresta amazônica. Ele demonstra como a bioeconomia, a economia do conhecimento da natureza e a economia da floresta em pé trazem um grande potencial para o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de processamento e agregação de valor aos insumos da biodiversidade, com demandas junto às indústrias farmacêuticas, cosméticas e alimentícias.

Atualmente, a lógica de avanço econômico adotada de forma mais massiva na Amazônia pressupõe a contraposição meio ambiente versus desenvolvimento, e organizações não-governamentais (ONGs) opostas ao progresso. Trata-se de práticas que fomentam o ciclo desmatamento para extração ilegal de madeira; abertura de ramais e estradas para deslocamento dessa madeira; e posterior uso para agropecuária da área que foi degradada. Esse modelo é estimulado por medidas que legalizam terras públicas ocupadas ilegalmente.

Com esse olhar voltado para o retrovisor, cerca de 20% da floresta já foi desmatada e, ainda assim, a região não é fonte de grandes riquezas para o país. Do total já degradado, que equivalente à área de duas Alemanhas, 63% se tornou pasto usado na pecuária de baixa produtividade – com menos de um boi por hectare –, e 23% foram abandonados.

Para mudar o cenário, é preciso entender que o debate não é sobre não explorar a floresta, mas, sim, sobre como aproveitar suas riquezas sem destruir a fonte, de forma que a população que nela vive seja também beneficiada.

Para isso, existem alternativas já testadas no âmbito da eficiência agrícola, como os sistema agroflorestais, que aliam plantio de culturas como o café com a floresta em pé; a modalidade ILPF (Integração Lavoura / Pecuária / Floresta); o pastejo rotacionado; e o sistema de plantio direto.

Hoje, existe um mercado global de produtos compatíveis com a floresta em pé de aproximadamente US$ 200 bilhões ao ano, cuja participação da Amazônia é de apenas 0,17%. São frutos, castanhas, óleos e uma infinidade de outros ítens que precisam ser identificados, para que, assim, seus potenciais possam ser aproveitados.

A Amazônia pode dar mais dinheiro em pé do que derrubada, e já há estudos que comprovam isso. Um exemplo é um levantamento realizado pelo cientista Carlos Nobre, que aponta que o plantio sustentável de açaí pode render mais de US$ 6 mil por hectare, enquanto a soja gera somente US$ 819. Além disso, o desmatamento gera impactos nas mudanças climáticas que inviabilizam o próprio modelo atual de agricultura, resultando em ainda mais prejuízos econômicos.

Saiba mais:

Projeto Saúde e Alegria
https://saudeealegria.org.br
Abaré: saúde da família fluvial
O Estado de S.Paulo
Amazônia tem uma espécie nova descoberta a cada dois dias
Revista Exame
As cidades menos desenvolvidas, segundo a Firjan 
Folha de S. Paulo
Desmatamento agrega ao PIB apenas 0,013% por ano, diz estudo
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
https://imazon.org.br/
O aumento de produtividade e lucratividade da pecuária bovina na Amazônia: o caso do projeto pecuária verde em Paragominas
Centro Experimental Floresta Ativa
https://novamata.org/iniciativa/centro-experimental-floresta-ativa/ 
Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufofa)
Ufofa obtém primeira carta patente 

Sobre o professor:

Caetano Scannavino Filho é empreendedor social e coordenador da ONG Projeto Saúde & Alegria, com mais de 30 anos de atuação na Amazônia. Nascido em São Paulo/SP, se profissionalizou nas áreas de vídeo e fotografia, tendo se mudado para a Amazônia em 1988 para apoiar o início das ações do PSA. Na época, ajudou a estruturar o setor de Comunicação Social da ONG. Atualmente, integra sua coordenação geral. A partir dos resultados alcançados, prêmios e reconhecimentos obtidos pelo trabalho do PSA, Scannavino vem sendo demandado de forma crescente para disseminar suas experiências, assessorar processos de transferência de tecnologias socioambientais junto a outras Instituições, bem como integrar novas frentes, redes e articulações afins em prol de um futuro mais harmônico, includente e sustentável.