Santa Catarina e os eventos extremos decorrentes das mudanças climáticas

Nesta aula, o professor Francisco Aquino explica sobre os eventos extremos que o estado de Santa Catarina vem sofrendo, como o ciclone bomba, que ocasionaram prejuízos à sociedade e à economia catarinense. Vamos entender mais sobre os principais eventos ocorridos por meio da apresentação de pesquisas sobre como as mudanças no clima afetam regionalmente Santa Catarina.

Destaques da aula:
  • O planeta está aquecendo, e a principal causa dessa elevação da temperatura global é a ação humana, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Nos últimos 50 anos, o aumento médio da temperatura foi de 1,2ºC. Além disso, os dez anos mais quentes no planeta foram registrados após 2005 – o ano de 2016 foi o mais quente deste século.
  • A concentração de dióxido de carbono na atmosfera passou de 300 ppm (partes por milhão), em 1910, para 411 ppm, em 2019. 
  • As partículas e os gases que resultam, em sua maioria, da queima dos combustíveis fósseis passam centenas de anos na atmosfera terrestre. Eles contribuem para a criação de uma ‘cortina’ de gás que vai da superfície do planeta em direção ao espaço, impedindo que a energia do sol absorvida pela Terra durante o dia seja emitida de volta para o espaço. Assim, o planeta aquece, as geleiras nos polos derretem, e o nível do mar sobe.

O planeta está aquecendo, e a principal causa dessa elevação da temperatura global é a ação humana, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Nos últimos 50 anos, o aumento médio da temperatura foi de 1,2ºC. Além disso, os dez anos mais quentes no planeta foram registrados após 2005 – o ano de 2016 foi o mais quente deste século.

Esse aquecimento traz consequências que já são vividas por muitas pessoas no mundo, como explica, nesta aula, o professor Francisco Aquino.

Em 2015, 195 países assinaram, durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, um documento que ficou conhecido como Acordo de Paris. Naquele pacto, cada nação se comprometeria com metas específicas de reduções de emissões de gases de efeito estufa, a fim de limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC. Já naquela época era sabido que, caso não houvesse mudanças profundas nos comportamentos humanos, mantendo o chamado “business as usual”, o planeta aqueceria para além dos 2ºC, fazendo com que as mudanças climáticas intensifiquem os eventos extremos.

Contudo, não aconteceram mudanças expressivas nos modos de vida, pelo menos não até agora. Um exemplo emblemático disso é a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que passou de 300 ppm (partes por milhão), em 1910, para 411 ppm, em 2019. 

Essas partículas e esses gases resultam, em sua maioria, da queima dos combustíveis fósseis passam centenas de anos na atmosfera terrestre. Eles contribuem para a criação de uma cortina de gás que vai da superfície da Terra em direção ao espaço, impedindo que a energia do sol absorvida pela Terra durante o dia seja emitida de volta para o espaço. Assim, o planeta aquece, as geleiras nos polos derretem, e o nível do mar sobe.

Há 70 milhões de anos, o planeta era de 8º a 10ºC mais quente e, naquelas condições, não havia neve ou gelo em lugar algum. A neve e o gelo surgiram na Terra há cerca de 10 milhões de anos e, desde então, cumprem um papel de reguladores da temperatura, pois resfriam os oceanos e a atmosfera, propiciando um clima médio global propício para a biodiversidade e a vida humana.

Outro agravante é que, com tantos gases na atmosfera, ela está ‘subindo’ nas regiões equatoriais. Isso ocorre nas regiões polares também, mas com menor força. Esse movimento desigual força correntes de ar e acelera, por exemplo, o surgimento de ciclones extratropicais – conforme os que ocorrem em Santa Catarina, com mais intensidade.

Saiba mais:

O Brasil e as mudanças climáticas | Festival Nexo + Nexo Políticas Públicas
https://www.youtube.com/watch?v=1If5UhjBTro&list=LL&index=12
Artigo “O consenso científico sobre aquecimento global antropogênico: considerações históricas e epistemológicas e reflexões para o ensino dessa temática”, dos autores Alexandre Junges, e Neusa Teresinha Massoni
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/204774
Agência Fapesp – “Agências de fomento debatem como criar um sistema científico voltado à solução de problemas globais”
https://agencia.fapesp.br/agencias-de-fomento-debatem-como-criar-um-sistema-cientifico-voltado-a-solucao-de-problemas-globais/35801/
Agência Fapesp – “90% das pesquisas ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são feitas em países ricos”
https://agencia.fapesp.br/90-das-pesquisas-ligadas-aos-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-sao-feitas-em-paises-ricos/35802/
Agência Fapesp – “Mudança climática global: pesquisar para atuar já”
https://agencia.fapesp.br/mudanca-climatica-global-pesquisar-para-atuar-ja/35803/
Amazônia: Tecnologia, desenvolvimento e sustentabilidade – Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação (5 de abril de 2021)
https://www.youtube.com/watch?v=jaP9Am8AjLw
Livro “A espiral da morte – Como a humanidade alterou a máquina do clima”, do jornalista Claudio Angelo
https://www.amazon.com.br/espiral-morte-Claudio-Angelo/dp/8535926852
Livro “The Anthropocene: The Human Era and How It Shapes Our Planet”
https://www.amazon.com.br/Anthropocene-Human-Era-Shapes-Planet/dp/0907791557

Sobre o professor:

Francisco Aquino  é professor associado do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Geografia – UFRGS, mestre em sedimentação glaciomarinha e clima pelo Programa de Pós-Graduação em Geociências (UFRGS), e doutor com ênfase em climatologia e mudanças climáticas entre a Antártica e o Sul do Brasil pelo Programa de Pós-Graduação em Geociências (UFRGS) e pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Climatologista, Aquino desenvolve pesquisas com ênfase em meteorologia e climatologia polar e subtropical (Sul do Brasil), eventos extremos, teleconexões, monitoramento de massas de gelo, emergência climática e o Brasil. Possui 17 expedições científicas à Antártica. Foi diretor do Centro Polar e Climático – CPC/UFRGS (junho/2017 a junho de 2021).