Senadores ensaiam “boiada” antiambiental para chamar de sua

boiadinha
Dia do Meio Ambiente

Há alguns meses, quando recebeu um grupo de personalidades e ambientalistas no Senado Federal, o presidente Rodrigo Pacheco afirmou que não daria celeridade à tramitação dos projetos antiambientais aprovados pelos deputados e que cada proposta seria extensamente discutida antes de ser votada. Ao que parece, a palavra do senador de Minas Gerais não vale um “uai” digno do nome. A Folha revelou que um grupo de senadores está, na surdina do barulho pré-eleitoral, se preparando para votar uma “boiadinha” antiambiental nas próximas semanas, com a complacência do presidente da Casa.

Um exemplo recente da falta de compromisso de Pacheco & Cia. é o projeto que flexibiliza o processo de autorização para uso de agrotóxicos, batizado de “PL do Veneno”, que dilui o poder do IBAMA e da ANVISA nessa análise. Diferentemente do prometido pelo presidente do Senado, o PL foi encaminhado apenas para a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, dominada pelos ruralistas. As Comissões de Meio Ambiente e de Assuntos Sociais, que também deveriam estar discutindo a questão, foram completamente ignoradas por Pacheco.

A estratégia da turma antiambiental no Senado é transformar os projetos mais polêmicos, como o que flexibiliza o licenciamento ambiental e o que legaliza a mineração em Terras Indígenas, em “boi de piranha”, abrindo margem para que outras propostas menos chamativas, mas ainda assim destrutivas, sejam aprovadas. Além do PL do Veneno, a “boiadinha” também inclui a proposta que parcela dívidas de proprietários autuados por crime ambiental pelo IBAMA, a que altera o marco cronológico do Código Florestal para anistiar o desmatamento que aconteceu depois de 2008, o que facilita a construção de linhas de transmissão elétrica em Terras Indígenas, e o que viabiliza a construção de estradas em áreas protegidas.

Em tempo: A explosão do desmatamento na Amazônia nos últimos meses não passa de uma inconveniência para a equipe de comunicação do Palácio do Planalto. O Fakebook.eco mostrou o show de desinformação de um post recente da secretaria de comunicação da Presidência que sugere que a destruição florestal no Brasil está caindo, mistura dados falsos sobre apreensão de madeira e fora de contexto sobre combate a incêndios, além de indicar um suposto investimento de US$ 7,5 milhões em preservação ambiental.

 

ClimaInfo, 6 de junho de 2022.

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