Oportunidades de geração e uso do biogás na Amazônia

Nesta aula, a especialista em Energia, Larissa Rodrigues, fala sobre o grande potencial de produção de biogás em quatro estados da Amazônia (Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima) a partir de resíduos sólidos urbanos e piscicultura, inclusive restos da agroindústria da mandioca. Ela integra o Instituto Escolhas.

Destaques da aula:
  • O biogás é um fonte de energia renovável gerada a partir da decomposição de qualquer tipo de matéria orgânica. Pode ser queimado e convertido em energia elétrica; utilizado como energia térmica – aplicada em veículos automotores; ou ainda substituir o gás de cozinha.
  • Os estados brasileiros do Norte do país poderiam, juntos, produzir até 537 milhões de metros cúbicos de biogás anualmente – quantidade suficiente para gerar 1,1 Terawatt-hora (TWh) de energia elétrica, capaz de atender a 556 mil residências e beneficiar 2,2 milhões de pessoas.
  • As principais fontes de biogás seriam os resíduos sólidos urbanos – provenientes principalmente das residências -, além de resíduos das indústrias da piscicultura e da fabricação de mandioca.
  • As indústrias podem, além de evitar a destinação de resíduos para aterros sanitários e lixões, gerar, ainda, a própria energia, tornando-se menos dependentes da rede de distribuição de energia e trazendo benefícios financeiros para os negócios.

O biogás é um fonte de energia renovável, gerada a partir da decomposição de qualquer tipo de matéria orgânica. Esse processo decorre da ação de bactérias que atuam nos resíduos orgânicos e que produzem, dentre outros elementos, o gás metano. Esse gás, por sua vez, pode ser queimado e convertido em energia elétrica; ser utilizado como energia térmica – aplicada em veículos automotores; ou ainda substituir o gás de cozinha.

As oportunidades que o biogás representa para o Brasil, e mais especificamente para a região amazônica, foram assunto da aula ministrada por Larissa Rodrigues, especialista em Energia do Instituto Escolhas.

O estudo “Biogás: energia limpa para a Amazônia“, realizado pelo Instituto Escolhas, apontou que os estados brasileiros da região Norte poderiam, juntos, produzir até 537 milhões de metros cúbicos de biogás anualmente – quantidade suficiente para gerar 1,1 Terawatt-hora (TWh) de energia elétrica, energia capaz de atender a 556 mil residências e beneficiar 2,2 milhões de pessoas.

Na região amazônica, as principais fontes de biogás seriam os resíduos sólidos urbanos – provenientes principalmente das residências –, bem como resíduos das indústrias da piscicultura e da fabricação de mandioca.

Para gerar biogás em plantas industriais, ou até mesmo em locais distribuídos nas cidades, é necessária a construção de biodigestores, equipamentos que são facilmente adaptáveis em termos de tamanho. No caso das indústrias, elas podem, além de evitar a destinação de resíduos para aterros sanitários e lixões, gerar ainda a própria energia, tornando-se menos dependentes da rede de distribuição e trazendo benefícios financeiros para os negócios.

Nos estados amazônicos não há, ainda, empresas que tenham adotado a prática. Entretanto, na região Sudeste, existem 42 empresas que já contam com usinas de biogás e geram a própria energia a partir de seus resíduos.

Já no caso do poder público, dar esse passo poderia ser ainda mais simples, pois, nos municípios onde há aterros sanitários, o gás metano já é coletado. Seria necessário apenas a instalação de motogeradores para conversão em energia, possibilitando uma geração descentralizada.

Outro benefício da aplicação do biogás na geração de energia consiste em evitar que o metano gerado nos processos de decomposição das matérias orgânicas vá para atmosfera, e agrave o efeito estufa. O metano é um gás de efeito estufa menos prevalente, mas tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior que o CO2 (dióxido de carbono).

Porém, mesmo com tantos benefícios e com o largo potencial de geração de energia, o biogás tem pouca participação na matriz energética nacional. Ele compõe uma fatia de 7,7%, junto com outras fontes renováveis, como a eólica e o biodiesel.

Larissa Rodrigues explica que o Brasil perde, todos os dias, uma grande oportunidade ao desprezar o potencial do biogás. “Ao invés de queimarmos um combustível fóssil, a gente poderia queimar esse gás que é basicamente a mesma coisa, mas é gerado naturalmente. Biogás resolve saneamento e geração de energia, é descentralizado e tira da atmosfera um gás causador de efeito estufa”, afirma ela.

Saiba mais:

Instituto Escolhas
https://www.escolhas.org/
Com o biogás, estados da Amazônia podem gerar eletricidade para mais de 2 milhões de pessoas
Clima Sem Fake
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Sobre a professora:

Larissa Rodrigues, que integra a equipe do Instituto Escolhas, é doutora e mestre em Energia pela Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em Relações Internacionais pela Faculdade Belas Artes. Foi coordenadora da equipe de pesquisas e investigações do Greenpeace Brasil, além de campaigner para Clima e Energia. Tem sólida experiência com clima, energia e florestas. Participou de projetos com organizações internacionais, universidades e setor privado nas áreas de regulação e modelagem de sistemas energéticos. Iniciou carreira na equipe de relações internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atuando nas negociações para acordos internacionais de comércio.