Cobertura climática no jornalismo local: critérios de pauta e noticiabilidade

Nesta aula, a jornalista da Folha de S.Paulo Ana Carolina Amaral traz questionamentos sobre a cobertura climática e sobre o papel do jornalista no desenvolvimento de pautas. Ela debate também os critérios de noticiabilidade e as fontes com o recorte regional.

Destaques da aula:
  • Deve-se compreender que não é possível abordar as crises climática e ambiental com o mesmo pensamento que as criaram.
  • A agenda climática tem ganhado mais espaço na mídia, pois ela se conecta de forma mais clara com a problemática econômica, uma vez que os gases causadores de efeito estufa estão diretamente relacionados a fatores que movem a economia mundial, como a queima de combustíveis fósseis.
  • As crises são globais, mas os desdobramentos são locais; o contrário também é verdadeiro – ações locais podem ter impactos globais.
  • Os porta-vozes dessa agenda atuam como tradutores do fato e não como defensores de um ponto de vista. Assim, se o veículo decidir dar voz a negacionistas, é preciso deixar claro quais interesses eles defendem.

    Realizar a cobertura das pautas de meio ambiente e clima requer um olhar mais amplo sobre a sociedade. A jornalista Ana Carolina Amaral, da Folha de S.Paulo, inicia a sua aula com uma reflexão de que aqueles que trabalham com comunicação e que se propõem nesta missão devem compreender que não é possível abordar as crises climática e ambiental com o mesmo pensamento que as criaram.

    Segundo Ana Carolina, a mentalidade em questão é aquela que contrapõe e separa, colocando a humanidade apartada da natureza, o meio ambiente contraposto ao desenvolvimento econômico, e outras falsas dicotomias.

    O modelo de desenvolvimento planetário predominante é alicerçado na exploração dos recursos naturais. Porém, é também aquele que trouxe a Terra para o cenário-limite. Assim, é preciso questionar este modelo, e não apenas aceitar os posicionamentos das fontes, pois essas estão também imersas neste pensamento.

    É preciso compreender que a agenda climática tem ganhado mais espaço na mídia, pois ela se conecta de forma mais clara com a problemática econômica, uma vez que os gases causadores de efeito estufa estão diretamente relacionados a fatores que movem a economia mundial, como a queima de combustíveis fósseis.

    Outro ponto de atenção para jornalistas atuantes nas pautas ambientais e climáticas é a capacidade de transportar os temas para a esfera local. Ouvir, por exemplo, fontes que vivenciam diretamente os impactos dos eventos climáticos extremos e fazer esta correlação, destacando que as crises são globais, mas os desdobramentos são locais, sendo que o contrário também é verdadeiro – ações locais podem ter impactos globais.

    Nessas pautas é preciso, ainda, ter em mente que a crise climática não é um lado da história, ela é um fato. Os porta-vozes dessa agenda atuam como tradutores do fato, e não como defensores de um ponto de vista. Assim, se o veículo de comunicação decidir dar voz a negacionistas desses fatos, é preciso deixar claro que interesses eles defendem, por exemplo, a manutenção do status quo.

Saiba mais:

Observatório do clima
https://www.oc.eco.br
Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG)
https://plataforma.seeg.eco.br/total_emission#
Instituto de Energia e Meio Ambiente
http://energiaeambiente.org.br/
Imaflora
https://www.imaflora.org/
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
https://ipam.org.br/pt/
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
https://imazon.org.br/
Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental
https://sites.google.com/view/rbja2022/
Blog Ambiência
https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br

Sobre a jornalista:

Ana Carolina Amaral é jornalista na Folha de S.Paulo e secretária-executiva da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental. É jornalista formada pela Unesp, com mestrado em Ciências Holísticas pelo Schumacher College. Colaborou para veículos como Envolverde, Superinteressante, Carta Capital, Época e GloboNews. Cobriu conferências internacionais como a Rio+20 e as Conferências do Clima (COPs) da ONU desde a COP21, realizada em 2015 em Paris. Em 2014, Ana Carolina colocou no ar o site “Mulher e Sustentabilidade” e o blog Ambiência, na Folha de S.Paulo.