As negociações climáticas promovidas pela ONU em Bonn terminaram na 6ª feira (17/6) com pouco ou nenhum progresso em questões-chave, e um crescente pessimismo sobre as chances de um bom resultado na COP27 no final deste ano. O Observatório do Clima (OC) afirmou em nota que “sem pontes para atravessar o racha tradicional entre países ricos e pobres, os diplomatas reunidos em Bonn, na Alemanha, meramente concordaram em continuar conversando.”
Ainda segundo o OC, “quatro itens fundamentais para o progresso do combate à mudança climática permaneceram sem decisão: a aceleração da ambição das metas de corte de carbono, a criação de um mecanismo próprio de financiamento a perdas e danos climáticos, a definição de uma meta global de adaptação à mudança do clima e o aumento das promessas dos países ricos de dinheiro para ação climática nos países pobres.”
Logo no começo das duas semanas de negociação os representantes dos países se depararam com o conflito entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento sobre estas questões financeiras e sobre o papel do setor privado na ação climática.
A União Europeia, normalmente um dos líderes das negociações climáticas, foi acusada de hipocrisia ao bloquear a proposta de criação de um novo fundo para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos da mudança climática, ao mesmo tempo em que financia a exploração de combustíveis fósseis no exterior. E houve consternação também quando a UE revelou que considera permitir que as offsets florestais nos países em desenvolvimento contem para as metas climáticas da região.
As conversações terminaram com uma declaração conjunta dos copresidentes da reunião reconhecendo as profundas divisões que ainda existem e apelando aos países para intensificarem seus esforços até a COP27.
Aparentemente, há um risco real de fracasso na COP27, com os países não conseguindo chegar a um acordo sobre as questões-chave que precisam ser resolvidas. Por isso, o secretário geral da ONU, António Guterres, comparou a inação climática com as empresas de tabaco que por muito tempo provocaram dúvidas sobre a relação do fumo com o câncer.
As negociações de Bonn tiveram forte repercussão na imprensa internacional, com artigos e matérias da AP, Financial Times, Climate Change News (1), Climate Change News (2) e Climate Change News (3), BBC, Reuters (1), Reuters (2), Bloomberg e Washington Post, entre outros.
ClimaInfo, 20 de junho de 2022.
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