Caminhoneiros denunciam objetivo eleitoral com saída do presidente da Petrobras

ex-presidente da Petrobras
Leo Pinheiro/Valor

O dia de ontem (20/6) começou com notícias sobre a iminente saída de José Mauro Coelho da presidência da Petrobras, sob pressão do Congresso. A notícia saiu na coluna de Lauro Jardim e foi manchete no site do Estadão. O Valor destacou a pressão vinda do presidente da Câmara, Arthur Lira, que no domingo (19) publicou artigo na Folha classificando a presidência de Mauro Coelho como “ilegítima”.

Pouco depois das 9 horas da manhã, Mônica Bergamo noticiava o pedido de demissão na Folha, informando que a gota d’água teria sido a retirada do apoio do Conselho de Administração da empresa. A notícia saiu em todos os grandes veículos de imprensa, como Estadão, O Globo, Valor e g1.

Mas o jogo-de-cena parece não estar colando: como informou Chico Alves em sua coluna no UOL, representantes dos caminhoneiros rechaçaram a argumentação de Lira. O presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, o deputado Nereu Crispim (PSD-RS), declarou que “a frente parlamentar dos caminhoneiros vai informar nesta segunda-feira a Lira que o presidente da Petrobras é indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, que ele apoia. Vamos mostrar também, se não sabe, que o conselho da empresa é composto por pessoas ligadas ao governo que ele apoia. E que toda essa bagunça com propósito eleitoreiro é subordinada ao presidente da República mentiroso que não cumpriu as promessas de campanha para os caminhoneiros, que ele apoia”. Para Wallace Landim, presidente da ABRAVA (Associação Brasileira de Condutores de Veículos) conhecido como Chorão, “o presidente da Câmara está tentando tirar a responsabilidade do governo e colocar somente na Petrobras”.

Leonardo Sakamoto, no UOL, publicou a declaração de Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única do Petroleiros (FUP), entidade que representa 100 mil trabalhadores do setor: “Bolsonaro tenta criar um bode expiatório na Petrobras para se eximir de uma responsabilidade que é sua. Mudou várias vezes o presidente, o conselho da empresa, ministros, só não teve coragem de mudar a política de preços dos combustíveis.”

A notícia da saída de Mauro Coelho levou à suspensão de negociações das ações ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4) da Petrobras na abertura do pregão de ontem, quando o Ibovespa caiu abaixo de 99 mil pontos, informa o g1. Ações de outras petroleiras negociadas na Bolsa, por sua vez, abriram em forte queda, informa a Exame. No final do dia, a Comissão de Valores Mobiliários informou que entrará com processo contra a Petrobras para investigar se a comunicação ao mercado seguiu as normas estabelecidas para empresas de capital aberto. A notícia foi destaque na Folha.

Em tempo: Ao noticiar a queda de Mauro Coelho, o UOL lembrou que na última sexta (17) Bolsonaro defendeu a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a Petrobras, seus diretores e conselheiros. Em sua coluna no g1, Andréia Sadi informa que se depender de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, esse plano do presidente não irá adiante: “CPI é para casos muitos excepcionais e fatos constituídos. Nesse caso, não antevejo de pronto práticas criminosas”, declarou. Em sua coluna em O Globo, Lauro Jardim explica que uma CPI para investigar a Petrobras incentivada pelo acionista controlador da estatal pode resultar numa class action nos EUA: uma ação coletiva proposta por acionistas minoritários descontentes com ações e declarações de Jair Bolsonaro, visando a mudança na política de preços.

 

ClimaInfo, 21 de junho de 2022.

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