Clima extremo atinge hemisfério norte

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REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Nos Estados Unidos, a massa de ar quente e sufocante que tem assado grande parte do sul do país há cerca de duas semanas não mostra sinais de arrefecimento. A onda de calor está estabelecendo recordes de temperatura no Sudeste, com máximas de mais de 40ºC em partes da Geórgia e do Panhandle da Flórida.

Em Cuba, a primeira tempestade da temporada de furacões de 2022 atingiu o país em meados de junho e desabou ou danificou dezenas de casas em Havana, dando destaque a um dos principais problemas sociais do país: a falta de habitações de qualidade causada por décadas de manutenção inadequada e a falta de novas habitações.

Na Itália, a seca está se espalhando rapidamente fazendo rios e reservatórios secarem. A previsão de elevação das temperaturas nos próximos dias provavelmente piorará as coisas, advertiu ontem a autoridade de irrigação do país. Várias regiões do país já declararam estado de emergência, procurando liberar fundos para combater a crescente crise de abastecimento de água; e associações de agricultores preveem uma forte queda agrícola em áreas-chave no país.

Mas a situação mais grave acontece na Ásia. A China está enfrentando eventos climáticos extremos e simultâneos em várias partes do país, “com as piores enchentes em décadas submergindo casas e carros no Sul e ondas de calor recorde nas províncias centrais e do Norte, causando o empenamento das estradas”, informam O Globo e The New York Times.

Os níveis das águas de mais de 100 rios em toda a China ultrapassaram os níveis de alerta de enchentes e mais de 500 mil pessoas estão com suas vidas interrompidas pelas águas. Em nove províncias do norte do país, as temperaturas atingiram mais de 40ºC, sendo que, em Henan, temperaturas de até 73ºC na superfície das estradas criaram rupturas que se assemelhavam às consequências de um terremoto.

Em Bangladesh, o governo luta contra a propagação de doenças transmitidas por água contaminada levando água potável às pessoas que ficaram retidas em suas casas por enchentes que atingiram um quarto do país, informa a Reuters. Ontem as águas começaram a baixar lentamente nos principais rios do nordeste do país, trazendo algum alívio para milhões de pessoas. Na Índia as enchentes seguem castigando o nordeste do país, onde 5,5 milhões de pessoas foram afetadas. Até ontem, tinham sido registradas 78 mortes em enchentes e outras 17 em deslizamentos de terra no estado indiano de Assam, enquanto pelo menos 42 mortes relacionadas às monções foram registradas em Bangladesh desde o mês passado, quando as enchentes começaram a devastar partes dos dois países do sul da Ásia, forçando milhões de pessoas a se abrigar em suas casas, informa a AP.

A mudança climática é um fator determinante para a ocorrência das “chuvas erráticas e precoces que desencadearam inundações sem precedentes em Bangladesh e no nordeste da Índia”, relata a AP em outra matéria que cita “cientistas” sem informar nomes ou instituições. A agência cita também o primeiro-ministro de Bangladesh, Sheikh Hasina, dizendo que o país não enfrenta uma crise como esta há muito tempo e criticando as nações ricas pelo não cumprimento do acordo feito na COP de Copenhague, pelo qual se comprometeram a doar US$ 100 bilhões por ano às nações mais pobres para que estas se adaptem às mudanças climáticas e mudem para combustíveis mais limpos. Hasina disse que o país pouco contribui ou contribuiu com emissões de carbono e agora é obrigado a redirecionar fundos para combater a mudança climática “ao invés de gastá-lo em políticas destinadas a tirar milhões da pobreza”.

Em tempo: A Climate Change News informa das dificuldades enfrentadas pelas agências internacionais de ajuda na resposta às inundações mortais que atingem Bangladesh e Índia por conta do financiamento da ajuda ter sido desviado pelos governos dos países ricos para a crise de COVID-19 e a guerra na Ucrânia.

 

ClimaInfo, 24 de junho de 2022.

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