Noruega sinaliza retomada de Fundo Amazônia caso governo brasileiro mude em 2023

24 de junho de 2022
Fundo Amazônia

As pesquisas eleitorais que apontam uma grande probabilidade de mudança no Palácio do Planalto a partir de 2023 levaram o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, a antecipar a volta do país à doação de recursos para o Fundo Amazônia – o maior programa do mundo para reduzir as emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+), financiado por doações do país nórdico e da Alemanha, entre outros, até ser desativado por um ex-ministro de meio ambiente de triste memória.

“Se for como mostram as pesquisas e houver uma mudança [de governo] no Brasil, temos grandes esperanças de que possamos retomar rapidamente uma parceria boa e ativa”, Eide disse à Reuters, em matéria reproduzida pela Folha e ((o))Eco. “O que eles disseram, do lado da oposição, foi muito positivo”, disse, acrescentando que o trabalho pode ser retomado “muito rápido”, em questão de “semanas ou meses, (…) desde que a oposição faça o que diz que vai fazer”.

Um novo governo que cuide mais do meio ambiente poderá também facilitar a entrada do país na OCDE. Em entrevista à Agência Brasil, o chanceler Carlos França explicou que embora o prazo de adesão possa demorar até três anos, a organização está montando comitês paralelos para avaliar o plano brasileiro, dispensando a necessidade de esperar um comitê terminar seu trabalho para iniciar outro. A previsão é que quatro comitês temáticos sejam montados: tributação, meio ambiente, Direitos Humanos, governança (pública e privada) e produtividade. Porém, ao discorrer sobre os eixos nos quais o governo brasileiro está empenhado com as diretrizes básicas da OCDE, o chanceler não mencionou meio ambiente e Direitos Humanos.

Coincidentemente, no mesmo dia, a OCDE fazia um apelo para que as medidas urgentes para apoiar os sistemas agrícolas afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia caminhem ao lado da luta contra a mudança climática, sinalizando a importância do tema para a instituição. No comunicado, a OCDE lembrou que 22% das emissões globais de gases de efeito estufa estão vinculadas ao setor agrícola. A notícia é do UOL.

Esse comunicado deveria servir de alerta também para o Congresso Nacional, que anda ensaiando “boiadinhas”.  A de ontem (23/6), foi a aprovação pelo Senado do autocontrole sanitário do agronegócio, isentando o Estado da responsabilidade dessa fiscalização. Alegando que o governo não tem recursos necessários para realizar a fiscalização, os senadores aprovaram um texto permitindo que a fiscalização da atividade agropecuária, por exemplo de frigoríficos de carne, seja feita pela iniciativa privada. A notícia é da Folha.

Em tempo 1: Para confundir, mais que esclarecer, o presidente do INPE, Clezio Marcos de Nardin, concedeu entrevista ao colunista Rodrigo Tavares, da Folha. O texto informa que os dados históricos de desmatamento indicam que os anos de maior destruição da Amazônia ocorreram em mandatos anteriores aos do atual governo, mas abstém-se de mencionar que foram os esforços de alguns desses governos que permitiram que o Brasil alcançasse a menor área de desmatamento da Amazônia em 2012. E, sim, Clezio também falou que mesmo com as restrições orçamentárias, o monitoramento da Amazônia e do Cerrado não estão em risco.

Em tempo 2: A ONG Conectas Direitos Humanos protocolou na Justiça Federal de Brasília uma ação em que cobra do BNDESPAR – a subsidiária do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) responsável por administrar as participações acionárias em empresas detidas pelo banco – a publicação de um plano de redução de emissões de gases do efeito estufa que oriente seus investimentos segundo as metas do Acordo de Paris e da PNMC (Política Nacional sobre Mudanças do Clima). Esta é a primeira ação do tipo no mundo contra um banco de desenvolvimento. Mais detalhes neste link.

 

ClimaInfo, 24 de junho de 2022.

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