Investigação de dados auxilia na apuração jornalística ambiental

Nesta aula, a professora no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJOR) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rita Paulino, fala da importância da utilização de ferramentas de exploração dos dados para complementar a cobertura jornalística sobre questões socioambientais e climáticas. Ela ensina como usar a Netlytic para, por meio da análise de dados, gerar retratos e investigações sobre a realidade, incluindo, na aula, uma sugestão de atividade prática.

Destaques da aula:
  • Observar e analisar os dados são atividades relevantes na apuração da pauta socioambiental e climática.
  • As mídias sociais fornecem, em tempo real, um termômetro de comportamentos e opiniões da sociedade.
  • Usar a análise do que é publicado nas mídias sociais como um observatório pode ser um complemento na apuração da reportagem, pois ajuda a “dar eco” ao que as pessoas estão falando sobre o assunto e a monitorar como políticos e membros da sociedade civil estão se posicionando sobre determinado tema.
  • Ferramentas de exploração dos dados, como a Netlytic (mesmo na sua versão gratuita), possibilitam uma infinidade de retratos e investigações.
  • Teoria dos Grafos é o modelo matemático que permite observar a estrutura das relações que conectam indivíduos.

Observar e analisar os dados são ações fundamentais para a boa cobertura de qualquer tema, mas tornam-se particularmente relevantes na cobertura das pautas ambientais. As mídias sociais podem ser um grande aliado nesse processo, pois fornecem, em tempo real, um termômetro de comportamentos e opiniões. Com as dicas desta aula, é possível ter as mídias sociais como fontes de informação – uma forma de dar voz à sociedade em geral.

A Teoria dos Grafos, explica Rita Paulino, é um modelo matemático que permite observar a estrutura das relações que conectam indivíduos (ou outras unidades sociais, como organizações) e apontar como essas relações influenciam comportamentos e atitudes. Com esse olhar, é possível identificar quem são os influenciadores de opiniões, qual a origem de determinadas informações e se os posicionamentos são positivos ou negativos.

As pessoas usam as mídias sociais para se posicionar, mesmo que elas não travem um debate”, comenta a professora, lembrando que as hashtags são uma boa forma de identificar uma comunidade virtual. Segundo ela, também é possível pesquisar por termos específicos para encontrar opiniões isoladas.

Para que a ferramenta seja efetiva, Rita ressalta que, quando se trata de internet, a velocidade é determinante. “Quando a mídia publica algo, o monitoramento tem que iniciar em seguida, para que você possa levantar mais dados e ter material para depois pesquisar. Por isso, essas ferramentas são mais efetivas em assuntos que estão ‘quentes’ na mídia.”

A professora destaca, ainda, que em uma análise feita no Netlytic, a partir de posts do Twitter, é possível fazer essas ligações na cobertura para complementar a narrativa jornalística. Pode-se apurar nichos, identificar quem são os líderes e verificar quais empresas de comunicação estão falando sobre o assunto pesquisado. A ferramenta permite, ainda, observar a ênfase dos discursos e mensurar os ‘sentimentos’ das pessoas em relação ao tema; existem opções de análise de rede e de discurso.

Saiba mais:

Fakebook
https://fakebook.eco.br/
Fakebook de Ricardo Salles
Sistema de Estimativas de Gases de Efeito Estufa (SEEG)
http://seeg.eco.br
MapBiomas
https://mapbiomas.org
Academia
Artigo “A grande reportagem multimídia como gênero expressivo no ciberjornalismo”
Artigo “Jornalismo experiencial, pesquisa aplicada e o desafio da investigação em realidade Virtual no Jornalismo”
Artigo “Práticas ciberjornalísticas em realidade Virtual: inovação e impacto nos processos de produção”
Artigo “O lugar do longform no jornalismo online”
Artigo “Narrativas webjornalísticas como elemento de inovação: casos de Al Jazeera, Folha de S.Paulo, The Guardian, The New York Times e The Washington Post”
The New York Times
Greenland is melting away

Sobre a professora:

Rita Paulino é professora no Programa de Pós-Graduação (PPGJOR) do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, nas disciplinas de WebDesign, e desenvolve pesquisa aplicada experimental nas áreas de conteúdo interativo multiplataforma, aplicativos PWA (Progressive Web Apps), análise de redes sociais e jornalismo de dados. Fez pesquisa de pós-doutorado no Social Media Lab na Universidade de Ryerson, em Toronto, no Canadá, em 2020. Concluiu o doutorado no Programa de Pós-Graduação  em Engenharia e Gestão do Conhecimento, na área de Mídia e Conhecimento, pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 2011.