Jornalismo investigativo e grandes reportagens na Amazônia

Nesta aula, o jornalista Lúcio Flávio Pinto – que cobre a Amazônia desde os anos 1970, foi vencedor de quatro prêmios Esso de jornalismo e é reconhecido internacionalmente – aborda como a cobertura climática exerce também o papel de conectar os fatores políticos, sociais e econômicos para denunciar injustiças sociais. Por anos, com o Jornal Pessoal, Lúcio Flávio publicou diversas reportagens com denúncias contra a mineração e outros temas na região. Ele relata um pouco de sua experiência de décadas cobrindo temas ligados à floresta amazônica.

Destaques da aula:
  • Fazer um jornalismo investigativo na Amazônia é uma missão que requer um olhar em primeira pessoa, pois trata-se de uma área de proporções gigantescas, com diferentes realidades. O jornalista precisa estar presente in loco, para, assim, poder compreender as especificidades de cada cenário.
  • Para entender os conflitos atuais da Amazônia é preciso, antes, se debruçar sobre a forma como a região se desenvolveu e como foi o seu modelo de exploração colonial.
  • Não se trata de uma região cuja cobertura pode se dar por meio de intermediários, pois eles só têm a informação após a situação estabelecida.
  • A partir desse conhecimento adquirido in loco, o jornalista pode fazer contato com boas fontes. Mas isso deve ser feito sem que perca do radar a necessidade de também observar movimentos internacionais, pois a floresta amazônica é alvo de interesses de muitos países.

“Praticar jornalismo investigativo na Amazônia é uma missão que requer olhar em primeira pessoa”, afirma Lúcio Flávio Pinto. Por se tratar de uma área de proporções gigantescas, com diferentes realidades, o jornalista que se propõe a desenvolver grandes reportagens naquele território precisa estar presente in loco, para, assim, poder compreender as especificidades de cada cenário.

Lúcio Flávio, vencedor de quatro prêmios Esso de jornalismo, destaca que, para entender os conflitos atuais na região amazônica, é preciso, antes, se debruçar sobre a forma como ela se desenvolveu e sobre como se deu o seu modelo de exploração colonial.

O comunicador que entende as questões postas, os conflitos existentes, e as comunidades envolvidas pode identificar com mais facilidade as histórias que precisam de fato ser contadas. Não se trata de uma região cuja cobertura jornalística pode se dar por meio de intermediários, pois eles só têm a informação depois da situação estabelecida. Contudo, atualmente, é dessa forma que a maioria das empresas jornalísticas atua, recebendo e apurando informações somente por meio da internet. Isso se deve, na maior parte dos casos, devido a questões financeiras e logísticas.

Lúcio Flávio critica esse modelo, por entender que “o jornalismo é a linha de frente. Um bom jornalista é aquele que está vendo a história acontecer, não o que está na retaguarda, imaginando as coisas, sem um conhecimento vivencial”. “A Amazônia não é para amadores. Ela só é entendida, decifrada e interpretada por quem usa todos os recursos possíveis de informação para entender o tema”, sentencia.

A partir do conhecimento adquirido in loco, o jornalista pode estabelecer contato com boas fontes, artifício fundamental para uma boa cobertura investigativa. Mas isso deve ser feito sem que se perca do radar a necessidade de observar também movimentos internacionais, uma vez que existem diversos interesses pelo território.

Saiba mais:

Blog “Lúcio Flávio Pinto – A agenda amazônica de um jornalismo de combate”
https://lucioflaviopinto.wordpress.com
TV Brasil
Lúcio Flávio e o Jornal Pessoal – Observatório da Imprensa
Amazônia Real
https://amazoniareal.com.br/author/lucio-flavio-pinto/
Alguns livros do jornalista Lúcio Flávio Pinto:
A Amazônia em Questão
Na Trincheira da Verdade. Meio Século de Jornalismo na Amazônia
Cabanagem: O massacre
Amazônia – Fogo, Sangue e Cifrão
Jari: Toda A Verdade Sobre O Projeto De Ludwig

Sobre o jornalista:

Lúcio Flávio Pinto atua como jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973, é fundador e editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. É autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu, em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005, recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras.