Com pouco dinheiro e atenção governamental, agricultura de baixo carbono ainda engatinha no Brasil

agricultura de baixo carbono
Bruno Miranda/Folhapress

Passada uma década desde a criação do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), o incentivo do governo federal para práticas de baixa emissão de gases de efeito estufa nas lavouras e pastos brasileiros segue bastante limitado. Essa miopia não apenas coloca a agricultura brasileira numa posição secundária na corrida global pela descarbonização, mas também compromete a própria pujança do agro brasileiro, o que já está sendo sentido com prejuízos decorrentes de eventos climáticos extremos nos últimos meses.

Na Folha, Cristiane Fontes e Marcelo Leite conversaram com o engenheiro agrícola Eduardo Assad, da Embrapa, sobre esses impactos e a falta de interesse do poder público para reduzir as emissões de carbono do setor agropecuário e adaptá-lo aos efeitos da mudança do clima sobre a produção. “Cinco bilhões [de reais] para o Plano ABC são 2% do que vai para o crédito rural [via Plano Safra], não é nada”, comparou Assad.

Parte dos prejuízos causados pelos efeitos da mudança do clima poderia ter sido evitada se as práticas de baixo carbono tivessem sido mais aplicadas no Brasil na última década. “As pessoas que adotaram as tecnologias da agricultura de baixa emissão de carbono perderam 15% da safra em um momento grave de seca. Os que não usaram perderam 25%”, explicou Assad.

Em tempo: A Global Fitness divulgou um levantamento que mostrou como a JBS, a maior processadora de proteína animal do mundo, segue tropeçando na implementação de seus compromissos para “limpar” a cadeia fornecedora de ilegalidades ambientais. Somente no Pará, onde a empresa possui um acordo de não-desmatamento com o Ministério Público Federal, a JBS comprou gado de fazendas associadas ao desmatamento de 10 mil hectares. Ao mesmo tempo, grandes bancos como Deutsche Bank, HSBC, JP Morgan e Santander também seguem financiando a devastação ambiental através de empréstimos e serviços financeiros para a JBS. Guardian e ((o)) eco repercutiram essa análise.

 

ClimaInfo, 29 de junho de 2022.

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