A mudança do clima está diretamente associada às ondas de calor que estão sendo registradas em diversas partes do mundo nos últimos meses. Essa é a conclusão de um estudo inédito de atribuição climática que analisou o impacto direto da crise climática sobre a ocorrência de eventos extremos em 2022. De acordo com a análise, os indícios apontam para uma correlação mais forte entre o aquecimento do planeta e a intensificação recente de ondas de calor; por outro lado, a relação da mudança do clima com outros eventos extremos, como tempestades e ondas de frio, está menos evidente.
“Acho que, por um lado, superestimamos a mudança climática porque agora é bastante comum que, toda vez que um evento extremo acontece, haja suposição de que ela esteja desempenhando um grande papel, o que não é sempre o caso”, observou ao Guardian Friederike Otto, pesquisadora do Graham Institute da Imperial College de Londres, uma das autoras principais do estudo. “Por outro lado, realmente subestimamos os eventos em que as mudanças climáticas desempenham um papel nos custos, especialmente nos custos não econômicos de eventos climáticos extremos para nossas sociedades”.
O estudo ressalta dados recentes, inclusive do próprio IPCC, que apontam para um aumento na probabilidade de ondas de calor nos últimos anos em virtude da mudança climática. Hoje, eventos deste tipo com uma chance em 50 de acontecer tem quase cinco vezes mais probabilidade de acontecer, com um aumento médio de 1,2ºC de sua temperatura mais alta. Outro ponto destacado pelo estudo é a dificuldade para se estimar o impacto direto desses eventos, especialmente no caso das ondas de calor – aqui, os óbitos acontecem em associação com outros fatores, como doenças pré-existentes.
O artigo foi publicado na revista Environmental Research: Climate. Bloomberg e Reuters também repercutiram o estudo.
ClimaInfo, 29 de junho de 2022.
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