G7 não escapa de armadilhas geopolíticas e recua de compromissos climáticos

G7 Alemanha
Stefan Rousseau/Pool via REUTERS

Se o mundo espera por algum sinal de liderança proativa das sete economias mais ricas do mundo na questão climática, é melhor esperar sentado – e, de preferência, com um ar-condicionado e um refresco a tiracolo. Os líderes do G7 não avançaram declarações e propostas significativas para ampliar a ambição dos compromissos climáticos internacionais. Pior: em alguns casos, insinua-se um retrocesso da ambição, com promessas antigas sendo descartadas sem muita cerimônia.

A Reuters destacou a movimentação do governo do Japão para retirar da declaração final da cúpula do G7 na Alemanha a meta para adoção de veículos elétricos pelas economias desenvolvidas. Essa questão tem sido uma pedra no sapato das montadoras japonesas: diferentemente de suas concorrentes europeias e norte-americanas, a gigante Toyota segue pouco interessada em disputar o mercado global de veículos elétricos. Com isso, os representantes de Tóquio não desejam se amarrar, ainda que retoricamente, a qualquer promessa de meta para aumentar as vendas desse tipo de veículo na próxima década.

Outro problema, destacado por Thuli Makama, Zenzi Suhadi e Christoph Bals no Climate Home, é a reticência de alguns países do G7, especialmente Japão e Alemanha, a compromissos antigos de abandono do carvão para geração elétrica e de fim ao financiamento para projetos carvoeiros no mundo em desenvolvimento. “O compromisso do G7 não deve ser diluído e não pode ser outra promessa vazia. Precisamos que os líderes do G7 permaneçam firmes em seu compromisso para acabar com o financiamento público para combustíveis fósseis no exterior e transferir investimento para energia limpa”, escreveram. A Bloomberg também abordou a movimentação do governo alemão para recuar da promessa de acabar com o financiamento para energia suja no G7.

“Enquanto os líderes do G7 se reúnem nos Alpes da Baviera para uma reunião que deveria consolidar seu compromisso com a luta contra a mudança climática, os combustíveis fósseis estão ressurgindo em tempos de guerra, com os líderes mais preocupados em reduzir o preço de petróleo e gás do que reduzir imediatamente suas emissões”, observaram Katrin Bennhold e Jim Tankersley no NY Times. “As nações estão revertendo os planos para parar de queimar carvão e estão lutando por mais petróleo e investindo bilhões na construção de terminais de gás natural liquefeito”.

 

ClimaInfo, 28 de junho de 2022.

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