O calor acima do normal nesse começo de verão no Japão está tirando o sono das autoridades do país. Além de problemas tradicionais desta temporada, como os efeitos do calor intenso na saúde de idosos, os japoneses podem sofrer com episódios de interrupção no fornecimento de eletricidade por conta da demanda acentuada de equipamentos de ar-condicionado e refrigeração.
Os sinais não são animadores. De acordo com os meteorologistas, a estação chuvosa se encerrou na data mais antecipada desde 1951, o que prenuncia um verão mais longo do que o normal. Com o calor intenso, as autoridades do país já estão pedindo à população para economizar energia. Outro fator complicador é o sistema elétrico japonês: desde o desastre de Fukushima, a geração nuclear perdeu espaço e as usinas termelétricas a carvão ganharam importância na produção de eletricidade. No entanto, como outros combustíveis fósseis, o preço do carvão também subiu nos últimos meses, o que vem encarecendo o preço da energia para os consumidores japoneses.
Os apelos pela economia de energia do governo japonês também têm um elemento eleitoral: na semana que vem acontecem as eleições para a câmara alta do Parlamento, em um momento no qual o governista Partido Liberal Democrata sofre com críticas pela maneira como vem lidando com a energia mais cara.
BBC, Bloomberg, Financial Times, Guardian e Reuters, além do Valor, repercutiram o calorão japonês e a preocupação das autoridades do país com apagões durante o verão.
Em tempo: Por falar em calorão, o Guardian abordou a decisão da cidade espanhola de Sevilha para nomear e classificar as ondas de calor, da mesma forma que tempestades tropicais e furacões, para proteger melhor os moradores e desenhar planos de mitigação e contingência em situações de calor crítico. A decisão aconteceu poucos dias após a Espanha sofrer com uma forte onda de calor que colocou os termômetros acima dos 40ºC em diversas cidades ao longo da costa mediterrânea.
ClimaInfo, 28 de junho de 2022.
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