Conferência da ONU sobre oceanos termina com declarações fortes e ações tímidas

Conferência dos Oceanos
AP - Armando Franca

Mesmo com baixas expectativas, a Conferência da ONU sobre Oceanos, realizada na semana passada em Lisboa, concluiu seus trabalhos sem resultados práticos relevantes. Para quem participou das discussões ao longo dos dias na capital portuguesa, o resultado final do encontro refletiu a situação vivida pela diplomacia ambiental à sombra de uma crise energética.

Como Daniela Chiaretti ressaltou no Valor, o encontro terminou com uma declaração política marcada por mais promessas de ação dos países para proteger a vida nos oceanos e diminuir o impacto da humanidade sobre os ecossistemas marinhos. No entanto, na parte do “vamos-ver”, o resultado ficou magro: não houve avanço na questão do financiamento para apoiar países pobres nem na definição de um acordo global para proteger pelo menos 30% das áreas terrestres e marinhas do mundo até 2030.

Na Folha, Giuliana Miranda ressaltou a chamada “Declaração de Lisboa” e explicou que o texto, pré-negociado por diplomatas antes do encontro em Portugal, não foi aberto para mudanças durante a conferência. A reportagem destacou a reação mista dos ambientalistas: por um lado, frustração com a falta de resultados práticos imediatos; por outro, a sinalização dos países de que o debate sobre oceanos não deve terminar em Lisboa.

“Saímos neste último dia com sentimento de esperança, pois há necessidade de ter esse espaço para diálogo, para colaboração entre setores e também entre os países. Os desafios dos oceanos são grandes e não respeitam fronteiras”, comentou Janaína Bumbeer, da Fundação Grupo Boticário.

Climatempo, El País, RFI e Veja também fizeram balanços da Conferência de Lisboa sobre Oceanos.

Um dos destaques do encontro foi a discussão sobre a mineração em alto-mar. Tida como a “última fronteira” inexplorada da mineração global, essa possibilidade tem sido discutida cada vez mais abertamente por empresas e governos, sedentos por recursos materiais e financeiros para apoiar esforços de transição energética para fontes renováveis. O problema é que os impactos potenciais dessa atividade no fundo do mar são desconhecidos,  com grande risco de arruinar ecossistemas marinhos inteiros. Folha e Um Só Planeta abordaram os principais aspectos desta discussão na Conferência.

 

ClimaInfo, 4 de julho de 2022.

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