Oceanos e clima

Esta apostila sobre “Oceano e Clima”, escrita pela engenheira de pesca Ana Paula Prates, deixa claro o quanto ele é essencial para todos os aspectos de bem-estar e de meios de subsistência humanos, além de ter alta relevância para a economia global.

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Destaques:
  • Os oceanos são essenciais para todos os aspectos de bem-estar e de meios de subsistência humana.
  • A emergência climática traz impactos críticos aos hábitats marinhos, às produtividades biológicas e aos recursos marinhos que sustentam benefícios econômicos do mar. 
  • O oceano é o regulador da vida e da bioquímica do planeta, ele serve como uma verdadeira “esponja” das emissões dos gases de efeito estufa, atenuando seus efeitos.
  • As mudanças nos oceanos tendem a ser mais silenciosas e dramáticas.

Os serviços ecossistêmicos e os benefícios disponibilizados pelos oceanos, muitas vezes não contabilizados ou monetizados pelo mercado, excedem em muito o valor agregado por bens e serviços considerados rentáveis, como a comercialização de peixes, por exemplo. As mudanças climáticas estão alterando o clima e, por consequência, modificando a química e as correntes marítimas dos oceanos, provocando aumento do nível do mar e modificando a distribuição de gelo.

Coletivamente, a emergência climática traz impactos críticos aos hábitats marinhos, às produtividades biológicas e aos recursos marinhos que sustentam benefícios econômicos do mar.

É importante ressaltar que os oceanos são responsáveis pela produção de 50% do oxigênio que respiramos. Eles cobrem quase três quartos da superfície da Terra e concentram praticamente todo o volume de água (97%).

As mudanças climáticas são causadas principalmente pelo CO2 liberado na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, e estão sendo sentidas de forma mais drástica e rápida do que se esperava. Os últimos cinco anos estão se encaminhando para serem os mais quentes já registrados desde o início das medições, e os desastres naturais tornam-se mais intensos e frequentes. As temperaturas globais cada vez mais elevadas estão apontando para um aumento médio de pelo menos 3°C até o final do século – o dobro do que os especialistas alertaram como o limite para se evitar as mais severas consequências econômicas, sociais e ambientais. 

Se não fossem os oceanos, as temperaturas seriam ainda mais altas. Isso porque eles absorvem um quarto do CO2 liberado no ar, sendo importantes reguladores da vida e da bioquímica do planeta. Os oceanos servem como uma verdadeira “esponja” das emissões dos gases de efeito estufa, atenuando seus efeitos. As mudanças no oceano tendem a ser mais silenciosas e dramáticas.

Segundo o relatório “The Ocean as a Solution for Climate Change: 5 Opportunities for Action”, lançado por 14 países em 2019, durante o Painel de Alto Nível para uma Economia Oceânica Sustentável, a ação climática baseada nos oceanos pode desempenhar um papel muito maior na redução da pegada de carbono do mundo do que se pensava anteriormente. Se prevê que possa fornecer até um quinto (21%, ou 11 GtCO2) dos cortes anuais de emissões de gases de efeito estufa necessários, em 2050, para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. Reduções dessa magnitude são maiores do que as emissões anuais de todas as atuais usinas a carvão em todo o mundo. O relatório destaca, ainda, soluções que ajudariam a conter as mudanças climáticas e contribuiriam para o desenvolvimento de uma economia oceânica sustentável, protegendo as comunidades costeiras de tempestades, gerando empregos e melhorando a segurança alimentar.

Sobre a autora:

Ana Paula Prates é engenheira de Pesca pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mestre em Ciências da Engenharia Ambiental pela USP e doutora em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB). Realizou pesquisa de pós-doutorado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se, há mais de 28 anos, às áreas de políticas públicas para a biodiversidade aquática, com ênfase em áreas protegidas, conservação e uso sustentável da biodiversidade costeira e marinha e às relações entre oceano e clima. Servidora pública licenciada do Ministério do Meio Ambiente, onde já atuou como diretora de Áreas Protegidas e diretora de Ecossistemas, Ana Paula é professora do Programa de Mestrado e Doutorado Profissional em Biodiversidade em Unidades de Conservação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Também atua como conselheira da Liga das Mulheres pelo Oceano, além de ser membro da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). Atualmente, atua como especialista sênior do Instituto Talanoa.