Enchentes nas Alagoas: em quatro dias, choveu o equivalente ao mês de julho

Alagoas enchentes
Divulgação/Governo de Alagoas

O último final de semana foi marcado por fortes chuvas em Alagoas, que causaram destruição e mortes em metade dos 102 municípios do estado. Até o final da tarde desta 2ª feira (4/7), a Defesa Civil confirmava a morte de seis pessoas, com mais de 56 mil desalojados e desabrigados. As mortes aconteceram nos municípios de Campo Alegre, Coruripe, Matriz de Camaragibe, Palmeira dos Índios, São Miguel dos Campos e União dos Palmares, sendo a maior parte provocada pelo transbordamento de rios e lagoas. g1 e Metrópoles deram mais informações.

A CNN Brasil destacou dados de Maria Clara Sassaki, do Climatempo, sobre o volume de chuva que atingiu Alagoas na última semana: em apenas quatro dias, choveu cerca de 300 milímetros, o esperado para todo o mês de julho. “Nos próximos dias, o principal destaque é para Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, que são as regiões que mais preocupam porque a chuva será persistente”. Ela ressaltou também que as chuvas em AL acontecem por conta do mesmo fenômeno meteorológico que causou precipitação intensa em Pernambuco no final de maio – o chamado Distúrbio Ondulatório do Leste, que compreende alterações no campo de vento e pressão que atuam na faixa tropical, em área de influência dos ventos alísios, que se deslocam da costa africana até o litoral brasileiro.

Curiosamente, uma das áreas afetadas pelas enchentes em Maceió, no bairro do Vergel do Lago, foi visitada pelo presidente da República na semana passada, onde inaugurou um conjunto habitacional para população de baixa renda. Centenas de barracos foram invadidos pela água, destruindo móveis, eletrodomésticos e equipamentos elétricos. Muitas das pessoas afetadas poderiam ter escapado caso a entrega dos imóveis já tivesse acontecido – a despeito da inauguração, os apartamentos seguem desocupados. O UOL repercutiu essa notícia.

Em tempo: As chuvas no Nordeste e em outras partes do Brasil nos últimos seis meses evidenciaram o despreparo de grandes metrópoles do país para enfrentar os efeitos da mudança do clima, especialmente nas áreas mais pobres e carentes. Nas áreas costeiras, a falta de adaptação é ainda mais grave, se considerarmos que a elevação do nível do mar é um problema quase inescapável e que, até agora, pouco ou nada se avançou no Brasil para preparar as cidades litorâneas para o avanço da água nas próximas décadas. No NatGeo Brasil, Kevin Damasio trouxe dados de estudos lançados na semana passada, durante a Conferência da ONU sobre Oceanos, e ressaltou a importância de o país avançar na adaptação para reduzir o impacto potencial de eventos climáticos extremos futuros.

 

ClimaInfo, 5 de julho de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.