Estudo: seca na Península Ibérica é a pior em mais de mil anos

seca Península Ibérica
Heino Kalis/Reuters

A forte estiagem que atinge a Península Ibérica pode ser a mais intensa em 1,2 mil anos, segundo os cientistas europeus e norte-americanos que publicaram seus achados na revista Nature Geoscience.

De acordo com o estudo, a chamada “Alta dos Açores”, que se forma no inverno, passou de aumentos drásticos de um inverno em cada 10 antes de 1850 para um em cada quatro desde 1980. Isso empurra a umidade para o norte, facilitando a ocorrência de chuvas mais intensas no norte do Reino Unido e na Escandinávia.

O estudo explora ainda os efeitos potenciais da falta de chuvas em Portugal e Espanha, especialmente na agricultura. Culturas importantes nesses países, como uvas e azeitonas, já sofrem com o clima mais seco e devem experimentar cenários ainda menos chuvosos no futuro. O Globo também repercutiu a análise.

“O número de elevações extremamente grandes da Alta dos Açores nos últimos 100 anos é realmente sem precedentes se você olhar para os 1.000 anos anteriores”, comentou ao Guardian a cientista Caroline Ummenhofer, da Woods Hole Oceanographic Institution dos EUA. “Isso tem grandes implicações porque uma alta extremamente grande nos Açores significa condições relativas secas para a Península Ibérica e o Mediterrâneo. Também podemos vincular conclusivamente esse aumento às emissões antropogênicas [de gases de efeito estufa]”.

Em tempo: A Itália também sofre com a falta de chuvas. Como destacado aqui ontem, o governo italiano decretou estado de emergência no norte do país. Bloomberg e Wall Street Journal repercutiram a situação, que ganhou destaque no final de semana depois do colapso de uma geleira nos Alpes que causou a morte de pelo menos seis pessoas. Já a Deutsche Welle destacou como o tempo mais seco e quente está afetando diversas bacias hidrográficas por todo o continente europeu, levantando preocupações quanto à segurança hídrica nos países do continente. Ainda nos Alpes, o Guardian informou que cientistas no Observatório Sonnblick, o mais alto da Europa, confirmaram que a cobertura de gelo no entorno deve derreter nos próximos dias, muito antes do observado em verões anteriores e de modo completamente diferente do que se via décadas atrás, quando o gelo se mantinha firme mesmo na temporada mais quente.

 

ClimaInfo, 6 de julho de 2022.

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