Mudanças nas correntes de vento pioraram ondas de calor na Europa

ondas de calor Europa
Hollie Adams/Bloomberg

Enquanto boa parte da Europa Ocidental sofre com uma forte onda de calor, cientistas apresentaram os resultados de um estudo que mostram como mudanças nas correntes de jato, que acontecem nas camadas mais altas da atmosfera, entre a troposfera e a estratosfera, estão intensificando episódios de calor como o atual. O estudo foi publicado na semana passada na revista Nature Communications por pesquisadores do Potsdam Institute for Climate Research Impact (PIK), da Alemanha.

As correntes de jato são cinturões de vento que se movem rapidamente e de maneira ondulada entre 5 e 10 km acima da superfície terrestre. Eles são gerados quando o ar frio dos polos se choca com o ar mais quente dos trópicos. Esse choque ocasiona eventos como tempestades e secas. No caso do continente europeu, de acordo com o estudo, as divisões na corrente de jato tornaram-se mais duradouras, com efeitos climáticos mais persistentes. 

Os cientistas relacionam as mudanças na corrente de jato com a maior intensidade e frequência de ondas de calor, especialmente na porção oeste da Europa. Por outro lado, eles ainda não têm uma definição sobre o que está causando esse processo. Uma suspeita é que o aquecimento das áreas mais próximas à região polar, em ritmo superior à média global, tenha algum papel, mas isso precisa ser analisado melhor por novas pesquisas. “Os modelos climáticos tendem a subestimar os riscos climáticos extremos”, disse Dim Coumou, coautor do estudo, à Bloomberg. “As projeções de calor extremo sob emissões contínuas de gases de efeito estufa podem ser muito conservadoras”. O NY Times também repercutiu essa análise.

De toda forma, os últimos dias foram marcados por altas temperaturas em uma área que vai desde o sul da Inglaterra até o norte da Itália, passando pela França e pela Península Ibérica. O governo britânico decretou alerta de perigo por conta do forte calor. Já no sul da França, as altas temperaturas e o ar seco estão impulsionando os incêndios florestais: mais de 1,7 mil hectares de vegetação foram queimados. O fogo também causa problemas em Portugal e na Espanha.

 

ClimaInfo, 14 de julho de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.