Transição justa: o que é fracking e seus impactos para o Nordeste

Nesta aula, Juliano Bueno, diretor do Instituto Internacional Arayara, fala sobre a matriz energética nacional e sobre os rumos que o Brasil tomou, nos últimos anos, em relação a sua composição, com incentivo ao uso de energias de origem fóssil, como as termelétricas, que exigem a extração de gás xisto por meio da técnica de fracking.

Destaques da aula:
  • Termelétricas movidas a carvão ou gás natural têm sido cada vez mais incentivadas pelos governos em variadas esferas.
  • Termelétricas geram impactos na extração do carvão e do gás, além de emitir grande volume de gases de efeito estufa (GEEs) no processo.
  • Na extração do xisto é adotado o fracking, método que realiza perfurações de até 3,2 mil metros de profundidade no solo, gerando grandes impactos ambientais. O processo emite metano – gás muito mais poluente que o CO2.
  • De 2019 para cá, o Brasil teve alta de 40% nas emissões de GEEs provenientes do setor energético de 2019 para cá.
  • É preciso realizar uma transição justa na matriz energética nacional, com fomento a iniciativas como as da autogeração e da geração descentralizada de energia.

A matriz energética brasileira é composta, em sua grande maioria, por geração de origem renovável, sendo a principal delas a hidrelétrica, responsável, em 2020, por 64,1% da energia gerada e distribuída no país. Somam-se a ela as energias solar e eólica, que, juntas, chegavam a 11% no mesmo ano.

Porém, as termelétricas movidas a carvão ou gás natural têm sido cada vez mais incentivadas pelos governos em variadas esferas. Essa forma de geração de energia gera impactos na extração do carvão e do gás, além de emitir um grande volume de gases de efeito estufa (GEEs) em seu processo produtivo. 

Especialmente na extração do xisto, é adotado o método do fracking, que realiza perfurações de até 3,2 mil metros de profundidade no solo, gerando grandes impactos ambientais. O processo ainda emite metano – gás muito mais poluente que o CO2.

Adicionalmente, como medida de mitigação dos efeitos da crise hídrica que assolou diferentes regiões do território nacional, muitas termelétricas foram mais utilizadas do que o usual, nos últimos anos, apesar de essas usinas também consumirem água em seus sistemas produtivos. Esse movimento já mostra resultados negativos no volume de emissões brasileiras, com uma alta de 40% nas emissões provenientes do setor energético de 2019 para cá.

Outros impactos sociais podem ser gerados pela extração do gás, como cenários já vistos em outros países, onde o gás metano contaminou a água, fazendo com que ela, inclusive, pegasse fogo.

Diante desse panorama, as pessoas mais prejudicadas são aquelas que vivem em condições de maior vulnerabilidade, pois, além dos altos custos das contas de energia, ainda sofrem de forma mais severa os impactos das mudanças climáticas acirradas pelas emissões de GEEs.

Para mudar esse caminho é preciso realizar uma transição justa na matriz energética nacional, com fomento a iniciativas como a de autogeração de energia para pessoas físicas e empresas, e a de geração descentralizada de energia, em detrimento das grandes usinas.

As legislações e as políticas públicas também precisam caminhar nesse sentido, observando que não basta uma energia ser renovável; é preciso que ela seja implantada de uma forma justa, ouvindo as comunidades e considerando todos os efeitos colaterais possíveis de sua geração.

Saiba mais:

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Energias renováveis e gênero, com Izana Ribeiro
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Sobre o professor:

Juliano Bueno é diretor do Instituto Internacional Arayara; membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Curitiba (CMMA). É engenheiro por formação, possui doutorado em Riscos e Emergências Ambientais e MSC em Sustentabilidade pela Escola de Negócios da Universidade Stanford, na Califórnia (2003).