Empresas aéreas brigam contra taxação por poluição e engatinham na transição energética

14 de julho de 2022
empress aéreas
Divulgação/GruAirport

Cobrada pelo impacto de suas operações sobre o clima global, a indústria da aviação vem tentando diminuir sua pegada de carbono e buscando alternativas energéticas para manter seus aviões no ar nas próximas décadas. No entanto, o resultado até aqui é, no mínimo, frustrante: promessas de combustíveis “verdes” seguem no papel ou em estágios muito iniciais de desenvolvimento e teste; ao mesmo tempo, a indústria tem se desdobrado para escapar de regulações que possam restringir a liberação de poluentes pela queima do querosene de avião. Aqui no Brasil, representantes das companhias aéreas estão cobrando o governo federal em Brasília para barrar uma taxa criada recentemente em Guarulhos (SP) sobre a poluição liberada pelas aeronaves que partem do e chegam ao aeroporto internacional de São Paulo. A notícia é da Folha.
O argumento das empresas é técnico: ao criar uma taxa específica àquele aeroporto, o município invade as competências da União na regulação do transporte aéreo, com o efeito colateral de encarecer ainda mais a passagem de avião. Por outro lado, as empresas não respondem à preocupação do município: o que fazer com a saúde de seus habitantes, impactada pela operação de um aeroporto de grande porte?

A coisa foi parecida na Europa. Na semana passada, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que estabelece até 2050 para as companhias aéreas passarem a utilizar combustível de aviação sustentável em, pelo menos, 85% de seus voos. A decisão também define uma meta intermediária, de 6% para o ano de 2030. A Bloomberg trouxe uma análise da InfluenceMap que mostrou que, enquanto defendiam publicamente a proposta da Comissão Europeia, gigantes como Air France-KLM e Lufthansa atuaram nos bastidores para enfraquecer as exigências climáticas da UE para o setor aéreo.

O grande obstáculo, além da falta de vontade do setor, está na tecnologia: o combustível aéreo sustentável, feito a partir de biocombustível, está distante de ser ofertado na escala necessária para acelerar a transição energética do transporte aéreo no médio prazo. Outras tecnologias, como o uso de energia solar, estão em fase de testes – aliás, a BBC destacou que um protótipo da Airbus bateu o recorde de voo não-tripulado mais longo já registrado, ficando 26 dias seguidos no ar. De toda maneira, como abordou o Quartz, a redução da pegada de carbono da indústria aérea, por ora, se limita a projetos de compensação via créditos de carbono, o que é pouco quando comparado com o tamanho dessa pegada.

 

ClimaInfo, 15 de julho de 2022.

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