Brasil não tem o que comemorar no Dia de Proteção às Florestas

Dia de Proteção às Florestas
Lalo de Almeida / Folhapress

Ontem (17/7) foi o Dia de Proteção às Florestas, uma data que lembra a importância da preservação das matas e da natureza no Brasil – o que parece coisa de ficção científica de segunda linha, se considerarmos o contexto atual em que vive o meio ambiente em nosso país. Com o desmatamento em alta em todos os biomas, o Brasil não se tem o que comemorar, especialmente nos altos círculos do poder político em Brasília.

Na Folha, Phillippe Watanabe ressaltou a importância da preservação das florestas brasileiras: elas são relevantes não apenas pelos serviços ecossistêmicos que prestam à população, como a oferta de água potável e de comida, mas também para o resto do mundo. “No Brasil, o desmatamento é a pior fonte de emissões de gases de efeito estufa. Não proteger ou derrubar florestas significa agravar as mudanças do clima, pois árvores no chão se traduzem em emissões de gás carbônico, que, por sua vez, resultam em graus a mais nos termômetros mundiais”, escreveu Watanabe.

Dentre os biomas brasileiros, a situação da Amazônia sintetiza a urgência da proteção florestal. A maior floresta tropical do mundo vem sofrendo com o avanço do desmatamento nos últimos anos, em boa parte patrocinado pela política antiambiental do governo federal e do atual presidente da República.

Uma preocupação entre cientistas e ambientalistas está na retomada de projetos polêmicos de infraestrutura na região, como a reconstrução da BR-319, que liga Manaus (AM) e Porto Velho (RO). “Seria catastrófica toda a abertura daquela área”, destacou o cientista norte-americano Philip Fearnside, veterano do IPCC que estuda a Amazônia há quase meio século, em entrevista ao Estadão. “A BR-319 liga o arco do desmatamento [nas partes sul e leste da floresta] com Manaus e migra os atores que desmataram tudo”. Assim, o desmatamento adentraria em áreas até agora protegidas dessa ação, especialmente florestas públicas não destinadas no sul do Amazonas, o que pode ser um ferimento fatal para a floresta no longo prazo. “O bloco a oeste [da floresta] segura a situação ambiental no Brasil hoje”.

Em tempo: Desde a semana passada, uma delegação de membros do Parlamento Europeu visita o Brasil para discutir os impactos potenciais do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia para o meio ambiente no país, especialmente na Amazônia. O grupo conversou com representantes locais, organizações da sociedade civil e cientistas em Belém (PA) na 5ª feira (14/7). A questão tem sido o principal obstáculo político para a aprovação do acordo pelos países da UE, preocupados com o avanço do desmatamento e a falta de interesse do governo brasileiro em proteger a Amazônia. O Estadão e a Folha deram mais informações sobre a visita.

 

ClimaInfo, 18 de julho de 2022.

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