Retomada de carvão para geração elétrica causa polêmica na Alemanha

As ameaças da Rússia de interrompimento do fornecimento de gás natural para os países da União Europeia, como retaliação pelas sanções internacionais contra Moscou, fez com que o governo da Alemanha recuasse em seu compromisso para abandonar a geração elétrica por carvão. De acordo com Berlim, algumas usinas que já foram desativadas poderão ser retomadas nos próximos meses para garantir a oferta de energia no curto e médio prazo. 

O chanceler Olaf Scholz defendeu essa possibilidade e ressaltou que qualquer medida nesse sentido seria “temporária”, sem efeito nos objetivos climáticos da Alemanha. “O fato de agora termos que usar temporariamente algumas usinas que já havíamos deixado de operar por causa do ataque brutal da Rússia à Ucrânia é algo amargo, mas é apenas por um período muito curto”, minimizou o líder alemão, citado pela Deutsche Welle. Ele também reafirmou que o plano de Berlim para ampliar a geração elétrica por fontes renováveis segue em implementação e que a meta de abandonar totalmente o carvão até 2030 não será abandonada. Bloomberg e CNN Brasil repercutiram a fala de Scholz.

Já o Guardian destacou uma consequência curiosa da crise energética para o debate público sobre clima na Alemanha: temas tidos como tabus até agora, como o prolongamento da vida útil das três usinas nucleares ainda em operação no país e a imposição de limites de velocidade nas famosas autobahns, passaram a ser discutidos com menos cautela. No caso da energia nuclear, uma eventual decisão do governo alemão em favor do adiamento da desativação dessas usinas pode criar um problema político dentro do gabinete de Scholz: afinal, o Partido Verde é aliado do chanceler social-democrata e, historicamente, é contrário à geração nuclear na Alemanha. A CNN Brasil também abordou a questão.

Enquanto isso, a Rússia segue dando sinais de que pretende barrar o fornecimento de gás aos mercados europeus. O Globo destacou a recusa da principal fornecedora russa de gás a reservar espaço extra nos gasodutos que passam por território ucraniano. Isso significa que o fornecimento de gás, comprometido desde a semana passada por causa do fechamento programado do gasoduto Nord Stream 1, deve seguir abaixo do normal até o final desta semana, pelo menos.

Outro sinal é a decisão da Gazprom, principal empresa russa de energia, de diminuir o fornecimento para três clientes na Europa por “motivos de força maior” relacionado à falta de manutenção das turbinas dos gasodutos, prejudicada pelas sanções internacionais contra Moscou. Bloomberg e Valor deram mais informações.

 

ClimaInfo, 19 de julho de 2022.

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