
Quem esperava pelo anúncio de novas ações climáticas mais ambiciosas pelo presidente dos EUA, Joe Biden, ficou com gosto de “só isso?” na boca. Pressionado pela paralisia do Congresso e pela oposição da Suprema Corte no tema, o líder norte-americano limitou-se a novas declarações com palavras fortes, que remetem à urgência, sem necessariamente apresentar algo que esteja em linha com o discurso.
Especulava-se que Biden aproveitaria a visita a uma antiga usina térmica a carvão em Massachusetts para declarar estado de emergência climática nos EUA. A proposta vem sendo defendida por ativistas climáticos como uma maneira de a Casa Branca driblar os obstáculos políticos e jurídicos para manter viva a política climática do governo, bem como as chances do Partido Democrata de manter o controle da Câmara e do Senado nas eleições legislativas de novembro. No entanto, o presidente preferiu manter essa carta na manga.
“A mudança climática é literalmente uma ameaça existencial para nossa nação e para o mundo. Esta é uma emergência, e vou olhar para isso dessa maneira”, declarou Biden. No entanto, a emergência ficou apenas no discurso. De novidade mesmo, sobraram algumas medidas importantes, mas pontuais e bem aquém do que vinha sendo cobrado: US$ 2,3 bilhões para melhorar a resiliência de comunidades mais pobres e vulneráveis à mudança do clima, e expansão da geração eólica offshore no Golfo do México e na costa leste. Biden também prometeu novas medidas para os próximos dias, sem sinalizar a possibilidade de um estado de emergência climática.
Associated Press, Bloomberg, CNBC, CNN, Guardian, POLITICO e Reuters, entre outros, repercutiram os anúncios feitos por Biden.
Enquanto a Casa Branca tenta ressuscitar a agenda climática de Biden, os EUA sofrem com altas temperaturas neste primeiro mês de verão. O Guardian abordou um problema que deve se tornar crônico nos próximos anos, especialmente se o clima continuar sob mudança desenfreada: muitas áreas atualmente habitadas por centenas de milhares e até mesmo milhões de pessoas podem se tornar climaticamente inviáveis para a vida humana normal até o final deste século. Curiosamente, muitas cidades nessas áreas, como Phoenix (Arizona), San Antonio e Fort Worth (Texas), estão entre as que registraram maior crescimento demográfico nos últimos anos.
Em tempo: Laura Millan Lombrana fez, na Bloomberg, um wrap-up do Diálogo Climático de Petersberg, cúpula internacional realizada nesta semana em Berlim, na Alemanha. O encontro, que reuniu representantes de 40 países, conseguiu produzir algum progresso na agenda de negociação para a Conferência de Sharm el-Sheikh (COP27). Em termos práticos, os desafios seguem os mesmos – financiamento climático, perdas e danos e ambição -, mas a dinâmica entre os negociadores foi menos tensa, com mais disposição para o diálogo.
ClimaInfo, 21 de julho de 2022.
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