Adaptação climática vira questão de vida ou morte no Oriente Médio

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AP Photo/Mstyslav Chernov

As cenas vistas em diversos países do Oriente Médio nos últimos meses são dignas de filmes apocalípticos hollywoodianos. Tempestades de poeira, calor sufocante e falta de água são **apenas** alguns dos problemas que estão ficando mais intensos e frequentes nos últimos anos nessas regiões, que figuram entre as mais vulneráveis do globo aos efeitos da mudança do clima. Em algumas áreas, as condições de vida estão sendo empurradas para além do limite de viabilidade de presença humana. Isso significa que viver nelas será praticamente impossível nas próximas décadas, se a crise climática seguir inclemente.

“Estamos literalmente vendo os efeitos [da crise climática] bem na nossa frente”, observou a consultora climática Lama El Hatow, ex-Banco Mundial, à Associated Press. “Esses impactos não são algo que nos atingirá daqui a nove ou dez anos. Cada vez mais estados estão começando a entender que é necessário agir”. Por essa razão, muitos desses países enxergam na próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP27), programada para acontecer em novembro na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, como a principal oportunidade de colocar a adaptação climática no centro das discussões globais.

O caminho para isso é acidentado: além da frustração crescente com a falta de financiamento internacional para ação climática nos países em desenvolvimento, o grosso do financiamento disponibilizado a essas nações se concentra em medidas de mitigação, para redução das emissões de carbono. Apenas uma parcela pequena dos recursos vem sendo destinada para adaptação e construção de resiliência nas áreas mais pobres e vulneráveis do mundo. Para os países do Oriente Médio, a situação ganha cada vez mais contornos de uma questão de vida-ou-morte: ou a adaptação acontece, ou milhões estarão sujeitos a condições insustentáveis nesta região.

Em tempo: Por falar em financiamento climático, o Climate Home deu duas notícias – uma boa, outra ruim. Comecemos pelo lado bom: o governo do estado de Massachussets, nos EUA, se prepara para votar uma proposta que regulariza a doação voluntária de recursos financeiros de cidadãos particulares para um fundo de apoio climático destinado aos países menos desenvolvidos. Pela proposta, os contribuintes do estado poderão optar por destinar parte ou a totalidade do valor restituído de seu imposto de renda para o LDC Fund, administrado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). Já pelo lado ruim, o governo do Reino Unido decidiu congelar novos gastos com ajuda internacional, inclusive em projetos de clima, até o final do ano. A decisão acontece em um momento dramático da política britânica, com o premiê Boris Johnson prestes a renunciar ao posto. A principal justificativa de Londres seria obedecer o limite – imposto pelo próprio governo, aliás – de 0,5% do PIB britânico para ajuda internacional.

 

ClimaInfo, 26 de julho de 2022.

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