Mudança climática pode afetar circulação de água no Atlântico

circulação de água no Atlântico
Greg Locke/Reuters

A circulação de água no Oceano Atlântico pode estar sendo afetada pelo aquecimento do planeta, em um processo que ameaça intensificar o degelo nas regiões polares e os efeitos do oceano mais quente nos ecossistemas marinhos. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado na revista Nature Communications por pesquisadores da Alemanha e do Brasil.

O estudo analisou a chamada Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico, que leva águas quentes do hemisfério sul para o hemisfério norte, e traz a água mais fria do norte para o sul; esse mecanismo é importante para a regulação do clima terrestre. Essa Célula já experimentou situações de estresse climático no passado. Os pesquisadores analisaram exatamente sedimentos marinhos coletados entre o Canadá e a Groenlândia que mostraram como um aquecimento anterior da superfície suboceânica naquela região facilitou a fragmentação das geleiras, liberando quantidades enormes de água doce no Atlântico.

“Essa gigantesca circulação transporta, na superfície, águas quentes e de baixa densidade do Atlântico Sul para o Atlântico Norte. Nas altas latitudes do Atlântico Norte, essas águas superficiais liberam calor para a fria atmosfera. Com isso, ganham densidade e afundam na coluna de água”, explicou Cristiano Mazur Chiessi, paleoclimatologista e professor da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e um dos autores principais do estudo, à Agência FAPESP. “Uma vez nas profundezas, as águas agora frias e de alta densidade retornam para o sul, até os arredores da Antártica, onde voltam à superfície forçadas por um intenso processo de ressurgência. Ao chegarem à superfície, as águas são aquecidas, perdem densidade e fecham a Célula”. Com base nessa análise, os autores sinalizaram que o processo atual de aquecimento global pode ter um efeito parecido sobre a Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico, o que pode agravar as mudanças do clima.

Folha e Um Só Planeta também publicaram a matéria da Agência FAPESP.

 

ClimaInfo, 27 de julho de 2022.

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