Crise climática e o legado nefasto do colonialismo

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AFP

Vale a pena conferir duas análises interessantes sobre as conexões entre a mudança do clima e a desigualdade gritante imposta por séculos de exploração econômica do Sul pelo Norte Global.

Na primeira, Duvan Caro, Olga Hernández-Manrique, Matías Mastrangelo e Diana Morelo escreveram na coluna Latinoamerica 21, da Folha, sobre a dissonância do debate climático contemporâneo.

Por décadas, os cientistas climáticos enxergaram no diálogo com os formuladores de políticas e os formadores de opinião pública como a chave para destravar a ação contra o aquecimento do planeta. A esperança era de que uma transformação “de cima para baixo” pudesse acelerar as coisas e evitar os piores efeitos da mudança do clima. A experiência prática, no entanto, foi frustrante: a ação climática avança a passos milimétricos por um caminho repleto de obstáculos que podem atrasar ainda mais sua missão.

Enquanto isso, na outra ponta da realidade, especialmente entre as comunidades mais pobres e vulneráveis à crise climática, esta discussão parece uma ficção científica, uma história sem conexão com a realidade prática. Não que estas pessoas não estejam experimentando os efeitos da mudança do clima em suas vidas, mas a eles foi negada a oportunidade de conectar o sofrimento crescente com a ação de outros setores sociais e econômicos que se enriqueceram com o carbono queimado e, assim, se livraram dos primeiros lugares na fila do clima extremo.

Já a segunda análise, publicada recentemente pelo escritório britânico do Greenpeace, faz uma associação mais firme entre o sofrimento das comunidades pobres e vulneráveis e a riqueza do mundo desenvolvido e como isso reflete o estado de injustiça climática em que vivemos.

“Negros, povos indígenas e pessoas de cor em todo o mundo carregam o peso de uma emergência ambiental que, na maioria das vezes, não criaram. No entanto, suas lutas têm sido repetidamente ignoradas por aqueles em posições de poder. Os sistemas de governança global, incluindo as negociações internacionais sobre o clima, por décadas falharam em agir para proteger vidas negras e pardas. O racismo sistêmico opera em todo o mundo para produzir desigualdades em moradia, saúde, educação, sistema de justiça criminal e nos resultados da emergência ambiental”.

O Guardian repercutiu a análise do Greenpeace UK.

 

ClimaInfo, 29 de julho de 2022.

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