Pacote climático nos EUA avança em adaptação, mas alivia para indústria fóssil

EUA pacote climático
Tony Cenicola/The New York Times

A grande surpresa da política climática internacional na última semana foi o acordo entre senadores dos EUA em torno de um pacote de medidas para ação climática. O anúncio ressuscitou as pretensões do governo de Joe Biden para retomar a ação climática na economia norte-americana, depois de uma dolorosa derrota na Suprema Corte que tirou da Casa Branca o poder de impor limites de poluentes para usinas termelétricas.

Se o acordo vingar, o Congresso dos EUA poderá aprovar nas próximas semanas a lei climática mais ambiciosa do país, com bilhões de dólares destinados à transição energética e adaptação climática. Mas nem tudo são flores: exatamente por conta do aperto político de Biden no Legislativo, o pacote climático foi desidratado em diversos aspectos – e, em outros, foi praticamente virado do contrário.

Por exemplo, como destacou o NY Times, a proposta fechada pelos democratas no Senado obriga o governo norte-americano a leiloar mais áreas públicas para exploração de petróleo e expande os créditos fiscais para a tecnologia de captura de carbono, permitindo que as usinas térmicas a carvão e gás continuem operando. Ou seja, em termos práticos, a indústria fóssil saiu ilesa da proposta, sem impactos dramáticos para seus negócios e lucros.

Ao mesmo tempo, a Bloomberg trouxe a avaliação de uma comissão do Senado norte-americano sobre o pacote climático dos democratas. Pela análise, as medidas forçarão o reajuste de um imposto sobre produtos petrolíferos brutos, pago por refinarias que recebem petróleo bruto e importadores de produtos refinados, de 9,7 centavos de dólar (definidos ainda nos anos 1990) para 16,4 centavos. A arrecadação extra ajudará a Casa Branca a financiar o pacote climático de US$ 370 bilhões.

Outra novidade do pacote foi destacada pelo Inside Climate News: a destinação de cerca de US$ 27 bilhões para criação de um “banco verde” nos EUA. Reed Hunt, CEO da Coalition for Green Capital e defensor antigo da medida, celebrou sua inclusão no acordo dos democratas e assinalou que o novo banco poderá potencializar as oportunidades de financiamento para ação climática e transição energética nos EUA. “Estamos falando de investimento lucrativo, criando valor de investimento para o consumidor, valor para os investidores. Esse é um ponto muito importante”, disse Hunt.

 

ClimaInfo, 2 de agosto de 2022.

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