Ministro da agricultura reclama da preocupação “exagerada” com desmatamento

2 de agosto de 2022
ministro agricultura desmatamento exagero
Mapa

O ministro da agricultura parece não ter qualquer preocupação com os dados alarmantes sobre o desmatamento da Amazônia nos últimos anos. Em evento para uma plateia de ruralistas, Marcos Montes lamentou o que ele chamou de “exagero” propagado pelas imprensas nacional e internacional em uma “guerra de narrativas”. “Não conseguimos mostrar pra sociedade urbana a força que o agro tem. Isso contaminou lá fora e estão usando a questão ambiental como barreira para não deixar o Brasil ganhar mercados”, disse Montes.

O sucessor de Tereza Cristina na pasta da agricultura ainda minimizou os sucessivos recordes de desmatamento no Brasil no último semestre. Para ele, o problema da perda da competitividade está na publicidade em torno dos dados do desmatamento, e não no desmatamento em si – um raciocínio em linha com o que pensa o atual presidente da República, que vira-e-mexe fica bravo com o INPE pelos dados de desmate, mas não pela destruição florestal que seu governo patrocina. A notícia é do De Olho nos Ruralistas.

Por falar em ruralistas, Daniele Bragança elencou no site ((o)) eco as prioridades políticas da Frente Parlamentar da Agropecuária neste 2º semestre de 2022. O calendário está apertado, por conta das eleições de outubro, mas a bancada ruralista quer esforço concentrado na aprovação de projetos como o PL 1.458/2022, vulgo “PL do Veneno”; o PL 2.159/2021, que flexibiliza o licenciamento ambiental; e o PL 510/2021, também conhecido como “PL da Grilagem”.

De boiada em boiada, a política ambiental e climática do Brasil está sendo dilapidada pelo governo federal e pelo Congresso Nacional. “Não há como negar a correlação da crise climática com a Democracia. Não há como evitar a conexão entre desmandos institucionais e danos ambientais, como o desmatamento e o garimpo ilegal. Não se pode fechar os olhos para a escalada do crime e da violência nas áreas com os maiores recursos naturais do planeta e a conexão de milícias e forças paramilitares com o populismo”, escreveram a ex-ministra Izabella Teixeira, Francisco Gaetani, Roberto Waack e Renata Piazzon (Instituto Arapyaú) no Valor. “A sociedade pode escolher que caminho deseja seguir. Desde que a democracia vigore plena e absoluta. E não há neutralidade possível frente a esta escolha”.

Na mesma linha, Míriam Leitão e Alvaro Gribel escreveram n’O Globo a importância de que o próximo governo, supondo que este presidente não será reeleito, retomar a agenda ambiental no Brasil. Esse esforço não pode ser isolado ou individualizado em alguns políticos ou partidos políticos, mas precisa ser feito de maneira coletiva, com um amplo arco ideológico-partidário e envolvimento ativo da sociedade civil. “Esta é uma hora decisiva para o Brasil e quem vai à Amazônia sente isso ao pisar naquele chão. Um novo governo que não seja a continuação do atual terá muito trabalho a fazer nessa agenda perdida ambiental e climática. Todo o cuidado é pouco neste fim de governo e fim de legislatura”.

 

ClimaInfo, 3 de agosto de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar