PF prende suspeitos de ocultar corpos de Bruno e Dom no Vale do Javari

Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips
Reprodução redes sociais

A Polícia Federal realizou uma série de detenções no sábado (6/8) na região do Vale do Javari, todas em conexão com os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips. Entre os detidos estão três pessoas que teriam participado da ocultação dos corpos – todos parentes de Amarildo Oliveira, vulgo “Pelado”, assassino confesso de Bruno e Dom.

Além das prisões, a PF também confirmou a identidade de “Colômbia”, um suspeito detido desde o mês passado sob a suspeita de ser o mandante dos crimes. O indivíduo seria Ruben Dario da Silva Villar, cidadão colombiano que utilizava documentos falsos no Brasil e no Peru; ele seria “o líder e o financiador de uma associação criminosa armada dedicada à prática de pesca ilegal na região do Vale do Javari”, segundo a PF, com envolvimento no comércio dos pescados do outro lado da fronteira.

Segundo as investigações, o grupo criminoso comandado por “Colômbia” pode ter ordenado outro assassinato, o do agente da FUNAI, Maxcie Pereira dos Santos, morto em setembro de 2019 em Tabatinga (AM). Colega de Bruno no Vale do Javari, Maxciel também teria incomodado os interesses da quadrilha ao fiscalizar e apreender carregamentos ilegais de peixes capturados dentro da Terra Indígena.

Entre os presos neste final de semana estão o cunhado e o filho de “Pelado”, Laurimar Lopes Alves e Amarílio de Freitas Oliveira. O primeiro é um dos pescadores mais antigos de Benjamin Constant (AM) e figurinha carimbada nas ações de fiscalização contra pesca ilegal na região, com um histórico de acusações na Justiça e de conflitos com indígenas e agentes da FUNAI.

As prisões tiveram amplo destaque na imprensa, com manchetes em Agência Brasil, Bandnews, CNN Brasil, Estadão, Folha, g1, O Globo e VEJA, entre outros. No exterior, a notícia também teve repercussão nos Associated Press, Guardian e Reuters.

Em tempo: Uma região dominada pela ilegalidade, com o poder público limitado a ações pontuais e lentas, que expõe indígenas e seus defensores ao medo constante de ser o próximo alvo dos criminosos. Essa tem sido a vida das comunidades no Vale do Javari desde as mortes de Bruno e Dom, há dois meses. A presença policial observada nas primeiras semanas após os assassinatos já diminuiu. Para os indígenas, o temor de uma retaliação dos criminosos é grande e ganha mais força pela omissão do governo federal. Tulio Kruse fez um panorama geral da situação do Vale do Javari na VEJA.

 

ClimaInfo, 8 de agosto de 2022.

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