Crise climática: verão de extremos é o “novo normal” na Europa

verão de extremos
Aly Song/Reuters

O panorama da seca em boa parte do continente europeu é dramático. Desde Portugal até o oeste da Alemanha, passando por Reino Unido e Itália, os indicadores de disponibilidade hídrica se encontram nos piores patamares em décadas – em alguns casos, como o da França, a situação é a pior já enfrentada. Dois fenômenos se encontram aqui: primeiro, os níveis de precipitação estão há meses abaixo da média histórica, prejudicando diretamente a oferta de água; e, segundo, o forte calor fez com que o consumo hídrico aumentasse, pressionando ainda mais a pouca oferta disponível.

Como resultado, milhões de europeus enfrentam hoje um cenário que era, até pouco tempo atrás, impensável: viver sob o risco cotidiano de não ter água para atender a todos. Governos em todos os níveis nas últimas semanas recorreram a restrições no consumo, que passam desde multas para quem utilizar água para usos não-essenciais, como lavagem de automóveis e irrigação de gramados, até a imposição de planos para racionamento caso a seca siga apertando a garganta dos países europeus.

A perspectiva para o curto prazo é preocupante. O Guardian mostrou que o cenário ainda é de altas temperaturas na maior parte da Europa Ocidental, com os termômetros podendo chegar aos 38ºC em partes da França e da Espanha nesta semana. O calor também segue intenso em algumas regiões da China, especialmente no leste do país, onde cerca de 900 milhões de pessoas experimentam a 3ª onda de calor mais forte já registrada desde 1963; a temperatura pode superar os 40ºC em províncias como Shaanxi, Henan e Hubei.

“Vamos ter que nos acostumar com episódios desse tipo. A adaptação climática não é mais uma opção, mas sim uma obrigação”, observou o ministro francês da transição energética, Christophe Béchu, citado pelo Guardian. Associated Press e Reuters repercutiram os esforços da França para economizar água e evitar reflexos negativos da escassez hídrica nos indicadores econômicos. Já os impactos da seca na Europa foram destacados pela Bloomberg e Sky News.

Em tempo: A seca também está causando problemas graves no norte do México. Quase dois terços dos municípios mexicanos enfrentam escassez de água, com milhares de pessoas sendo forçadas a encarar filas gigantescas para acessar poços e caminhões-pipa em muitas das áreas mais pobres do país. Em alguns casos, como apontado pelo NY Times, algumas pessoas recorreram a sequestros de funcionários das empresas de abastecimento hídrico para cobrar “resgate” em carregamentos de água. A situação é particularmente complicada em Monterrey, um dos centros econômicos mais importantes do México, onde alguns bairros estão sem receber uma gota d’água há mais de dois meses. A Folha publicou uma tradução da reportagem.

 

ClimaInfo, 9 de agosto de 2022.

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