Aquecimento global acima de 2ºC pode causar colapso de geleiras na Antártica Oriental

Antártica degelo
Nasa Earth Observatory images by Lauren Dauphin

A vasta camada de gelo que cobre a Antártica Oriental é tida como uma das mais resilientes do continente gelado, em contraste com as plataformas da porção ocidental, mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento. Se a humanidade mantiver o aumento médio da temperatura terrestre em, no máximo, 2ºC neste século em relação aos níveis pré-industriais, a probabilidade das geleiras do leste antártico se manterem estáveis é muito grande. Por outro lado, se o aquecimento superar essa marca, o risco de um colapso pode aumentar.

Um estudo publicado nesta semana na revista Nature avaliou a sensibilidade da cobertura de gelo da Antártica Oriental (EIAS, sigla em inglês) ao aquecimento global utilizando dados relativos ao comportamento de suas geleiras a temperaturas mais altas no passado, além de projeções feitas por modelos climáticos.

A análise mostrou que, no cenário de aquecimento de 2ºC, o degelo da EIAS contribuiria com menos de 0,5 metros de aumento do nível do mar até 2300; por outro lado, se o aumento de temperatura for superior a esse limite, o degelo da EIAS poderia responder por um aumento do nível do mar de 1,5 metros em 2300 e até 5 metros em 2500.

A situação da EIAS é vital para garantir que o nível do mar não suba para patamares desastrosos. Estima-se que um eventual colapso total das geleiras da Antártica Oriental possa resultar em um aumento superior a 50 metros dos níveis oceânicos. Para comparação, a perda total da massa de gelo no outro lado do continente, onde fica a famosa geleira Thwaites, batizada de “Geleira do Juízo Final”, resultaria na elevação do nível do mar em 5 metros.

Daily Beast, Guardian e Washington Post, entre outros, repercutiram o estudo.

 

ClimaInfo, 11 de agosto de 2022.

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